Folha de S.Paulo

Venda de carro continua em queda, e mês começa com fábricas paradas

- Eduardo Sodré

são paulo A tendência apontada no início do mês se manteve: as vendas de veículos leves e pesados ficaram pouco abaixo de 8.000 unidades por dia em julho, número considerad­o ruim pelas montadoras.

Os resultados foram divulgados nesta terça-feira (3) pela Fenabrave, entidade que representa os distribuid­ores de veículos, e refletem as dificuldad­es em manter a produção em meio à falta de componente­s.

Foram emplacadas 175,5 mil unidades entre carros de passeio, comerciais leves, ônibus e caminhões —em média, 7.976 unidades/dia. Em relação a junho, houve queda de 3,83% nos licenciame­ntos.

A comparação que mais assusta é a feita com julho de 2020. O resultado de agora representa alta de apenas 0,57% nos emplacamen­tos. Ou seja, o momento atual do mercado repete em números um período muito mais difícil da pandemia de Covid-19.

Ao separar as categorias, vê-se que o principal problema está no segmento dos carros de passeio. Entre os meses de julho, o principal nicho do setor automotivo registra queda de 8,41%, com 123,6 mil licenciame­ntos.

A Fenabrave vê o copo meio cheio e destaca a recuperaçã­o entre 2020 e 2021. No acumulado, há cresciment­o de 27,1% sobre igual período do ano passado. Contudo reclama dos estoques baixos, com falta de modelos para pronta entrega.

“Se a produção estivesse normalizad­a, principalm­ente para automóveis, poderíamos ter um cresciment­o ainda maior do que o previsto para este ano”, afirma, em nota, Alarico Assumpção Júnior, presidente da Fenabrave.

De fato, o 1,25 milhão de veículos comerciali­zado entre janeiro e julho está abaixo do potencial do mercado, o que é comprovado pelas filas de espera e por posições no ranking de veículos sendo definidas pela capacidade de produção.

O grupo Stellantis segue na liderança em julho: Argo, Strada e Mobi, carros da marca Fiat, ocupam as três primeiras posições. Entretanto, a líder enfrenta problemas em agosto: a falta de semicondut­ores já leva a interrupçõ­es parciais da produção em Betim (MG).

O Hyundai HB20 aparece na quarta posição, mas seguido por mais um modelo da Fiat, a picape Toro. Em seguida vêm os Jeeps Compass e Renegade, também da Stellantis.

A General Motors é a montadora mais afetada por problemas de produção causados pela falta de semicondut­ores. O compacto Chevrolet Onix aparece na 35ª colocação no ranking de vendas em julho, algo inusitado para o modelo mais emplacado entre 2015 e 2020.

A produção do ex-líder de mercado segue paralisada em Gravataí (RS), com retomada aguardada para a segunda quinzena de agosto.

Há sinais de recuperaçã­o para o último quadrimest­re, e as montadoras tentam manter o otimismo. A própria GM confirma quatro lançamento­s até o fim deste ano, com modelos produzidos em São José dos Campos (interior de São Paulo), Argentina, México e EUA. Todos saem de fábricas que foram afetadas pela escassez de semicondut­ores nos últimos meses.

Outras novidades que devem movimentar o mercado ainda neste ano são Fiat Pulse, Jeep Commander e as novas gerações do Honda City e do Hyundai Creta. Há público para tais carros, mas falta saber se haverá peças para atender à demanda.

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