Venda de carro continua em queda, e mês começa com fábricas paradas
são paulo A tendência apontada no início do mês se manteve: as vendas de veículos leves e pesados ficaram pouco abaixo de 8.000 unidades por dia em julho, número considerado ruim pelas montadoras.
Os resultados foram divulgados nesta terça-feira (3) pela Fenabrave, entidade que representa os distribuidores de veículos, e refletem as dificuldades em manter a produção em meio à falta de componentes.
Foram emplacadas 175,5 mil unidades entre carros de passeio, comerciais leves, ônibus e caminhões —em média, 7.976 unidades/dia. Em relação a junho, houve queda de 3,83% nos licenciamentos.
A comparação que mais assusta é a feita com julho de 2020. O resultado de agora representa alta de apenas 0,57% nos emplacamentos. Ou seja, o momento atual do mercado repete em números um período muito mais difícil da pandemia de Covid-19.
Ao separar as categorias, vê-se que o principal problema está no segmento dos carros de passeio. Entre os meses de julho, o principal nicho do setor automotivo registra queda de 8,41%, com 123,6 mil licenciamentos.
A Fenabrave vê o copo meio cheio e destaca a recuperação entre 2020 e 2021. No acumulado, há crescimento de 27,1% sobre igual período do ano passado. Contudo reclama dos estoques baixos, com falta de modelos para pronta entrega.
“Se a produção estivesse normalizada, principalmente para automóveis, poderíamos ter um crescimento ainda maior do que o previsto para este ano”, afirma, em nota, Alarico Assumpção Júnior, presidente da Fenabrave.
De fato, o 1,25 milhão de veículos comercializado entre janeiro e julho está abaixo do potencial do mercado, o que é comprovado pelas filas de espera e por posições no ranking de veículos sendo definidas pela capacidade de produção.
O grupo Stellantis segue na liderança em julho: Argo, Strada e Mobi, carros da marca Fiat, ocupam as três primeiras posições. Entretanto, a líder enfrenta problemas em agosto: a falta de semicondutores já leva a interrupções parciais da produção em Betim (MG).
O Hyundai HB20 aparece na quarta posição, mas seguido por mais um modelo da Fiat, a picape Toro. Em seguida vêm os Jeeps Compass e Renegade, também da Stellantis.
A General Motors é a montadora mais afetada por problemas de produção causados pela falta de semicondutores. O compacto Chevrolet Onix aparece na 35ª colocação no ranking de vendas em julho, algo inusitado para o modelo mais emplacado entre 2015 e 2020.
A produção do ex-líder de mercado segue paralisada em Gravataí (RS), com retomada aguardada para a segunda quinzena de agosto.
Há sinais de recuperação para o último quadrimestre, e as montadoras tentam manter o otimismo. A própria GM confirma quatro lançamentos até o fim deste ano, com modelos produzidos em São José dos Campos (interior de São Paulo), Argentina, México e EUA. Todos saem de fábricas que foram afetadas pela escassez de semicondutores nos últimos meses.
Outras novidades que devem movimentar o mercado ainda neste ano são Fiat Pulse, Jeep Commander e as novas gerações do Honda City e do Hyundai Creta. Há público para tais carros, mas falta saber se haverá peças para atender à demanda.