Lucro do Bradesco aumenta 63% e atinge R$ 6,3 bilhões no 2º trimestre
Presidente do banco atribui resultado ao cenário econômico mais positivo e ao setor de seguros
são paulo O Bradesco registrou lucro líquido de R$ 6,3 bilhões no segundo trimestre de 2021. O número representa um aumento de 63,2% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o lucro foi de R$ 3,9 bilhões.
Em nota enviada pela assessoria de imprensa nesta terça (3), o presidente do banco, Octavio de Lazari Jr., atribui esse desempenho a um cenário econômico mais positivo em relação ao ano passado e ao setor de seguros, cujo faturamento cresceu 20%.
“A área de seguros também teve neste trimestre os impactos da pandemia, e tivemos solidez financeira para absorver esses eventos”, afirmou.
“Para a frente, com o avanço da vacinação, a tendência será de melhoria contínua e o retorno gradual da participação histórica ao redor de 25% no resultado do conglomerado.”
O otimismo também se sustenta nos mais recentes índices do PIB, e o risco de inflação seria administrável. “A normalização da política monetária pelo Banco Central será peça-chave, pois os ativos reduzem a volatilidade, neutralizam a pressão inflacionária e dão mais confiança para investimentos”, aponta.
O Bradesco é o terceiro grande banco a divulgar seus resultados referentes ao segundo trimestre. Na segunda (2), o Itaú Unibanco informou que obteve ganho de R$ 6,543 bilhões no segundo trimestre, aumento de 55,6% em relação a igual período do ano passado e de 2,3% quando comparado aos três meses anteriores. Na semana passada, o Santander Brasil divulgara alta de 98,4% no lucro, para R$ 3,979 bilhões.
Nesta terça, em entrevista após a divulgação do resultado, o presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho, afirmou que o avanço das reformas é fundamental para a economia, mas destacou que alguns pontos da reforma tributária precisam de um período de transição para entrarem em vigor.
Entre os pontos citados pelo executivo estão um eventual fim da dedutibilidade do JCP (juros sobre capital próprio) e a possível redução na alíquota de IRPJ (Imposto de Renda para Pessoas Jurídicas).
A falta de uma transição pode tirar R$ 500 bilhões do volume de recursos destinados ao crédito no sistema financeiro, afirmou Maluhy Filho.
O cálculo levou em consideração o impacto da reforma sobre créditos tributários das seis maiores instituições do país —Banco do Brasil, Bradesco, BTG Pactual, Caixa Econômica Federal, Itaú Unibanco e Santander.
O texto da reforma tributária em análise traz uma proposta de redução na alíquota geral de Imposto de Renda para pessoas jurídicas, que atualmente é de 15%. Esse imposto iria para 5% em 2022 e cairia para 2,5% em 2023.
Os bancos têm em seus balanços os chamados créditos tributários. Caso as mudanças propostas na reforma tributária não sejam feitas de forma gradativa, as instituições financeiras terão de ajustar de uma vez esses valores para se adequarem às novas alíquotas.
A estimativa é que isso geraria um consumo de capital dos bancos, com um impacto negativo de R$ 50 bilhões no sistema financeiro.
“Imaginando essa perda e considerando que pela regra que temos no sistema [financeiro] por Basileia e pelas regras do BC, podemos alavancar o capital em até dez vezes. Na prática, isso significa tirar do sistema uma capacidade de emprestar até R$ 500 bilhões”, afirmou Maluhy.