Folha de S.Paulo

Isaquias se frustra após dedicação não virar medalha na parceria com Jacky

- Daniel E. de Castro

tóquio O quarto lugar na prova C2 1.000 metros frustrou os planos de Isaquias Queiroz, 27, de sair de Tóquio com um total de cinco medalhas olímpicas, após as três conquistad­as nos Jogos do Rio-2016 —um recorde no esporte brasileiro. O barco dele e do parceiro Jacky Godmann, 22, cruzou a linha de chegada cerca de dois segundos atrás de cubanos, chineses e alemães, que nessa ordem montaram o pódio da modalidade.

“A gente queria medalha. Ninguém ia vir para cá, viajar não sei quantas horas, com um sol quente desses, para querer ficar em quarto. Enfrentar a quarentena toda e ficar em quarto. Queria a medalha porque foi um trabalho doído, sofrido, de dedicação máxima que a gente teve”, afirmou, já recomposto após ir às lágrimas nas entrevista­s que deu ao vivo para a televisão.

No Rio, Isaquias levou a medalha de prata nessa prova ao lado de Erlon Souza.

O canoísta de 27 anos conquistou também a prata no C 11.000 me o bronze no C 1 200 m, tornando-se o primeiro brasileiro com três pódios numa mesma edição olímpica. Para Tóquio, a dupla do país teve que ser adaptada. Como Erlon não se recuperou de uma lesão no quadril, Jacky foi chamado para o seu lugar no barco.

A história da parceria entre os dois no Japão começou em 2019. Na ocasião, Isaquias convidou Jacky para competir ao seu lado pelo Flamengo em um campeonato brasileiro, já que Erlon representa o clube Pinheiros. Neste ano, quando ficou visível que o medalhista de 2016 poderia não se recuperar da lesão, Isaquias e Jacky passaram a treinar juntos, mirando a possibilid­ade de disputarem os Jogos juntos.

A única competição internacio­nal que a dupla atual participou antes de Tóquio foi a etapa da Hungria da Copa do Mundo, em maio. Chegaram em terceiro. “Eu estava feliz, emocionado por estar na final com o Jacky com pouco tem pode trabalho entre agente. Temos muito a evoluir ainda, por isso que cheguei ali e chorei, porque a gente queria medalha”, disse Isaquias. “O Jacky tem um pouquinho de deficiênci­a em relação ao trabalho de perna, de sincronism­o comigo. Mas também com o Erlon tinha esse problema, às vezes ele não tinha tanta amplitude. Cada um tem uma limitação, eu também”, completou.

A elite da canoagem velocidade tem como base a cidade de Lagoa Santa, na região metropolit­ana de Belo Horizonte. Por estarem em local afastado, os atletas não tiveram que interrompe­r os trabalhos em razão da pandemia da Covid-19. Mas a comparação de nível com os rivais ficou prejudicad­a porque, à exceção da etapa dessa Copa do Mundo, não houve competiçõe­s internacio­nais desde o surgimento do coronavíru­s.

A grande chance para Isaquias está agora na prova individual, no C1, da qual Jacky também participar­á. Eles terão dois dias para se recuperar antes da disputa das eliminatór­ias, na próxima sexta-feira (6).

As semifinais e a final da competição serão realizadas no dia 7.

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