Folha de S.Paulo

Confronto de estilos

- Tostão Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina

Um momento marcante das Olimpíadas de Tóquio foi o dos atletas Gianmarco Tamberi, da Itália, e Mutaz Essa Barshim, do Qatar, que, empatados na final do salto em altura, resolveram ficar cada um com sua medalha de ouro. O regulament­o permitia. Podiam também tentar mais uma vez.

Alguns disseram que foi um exemplo de entendimen­to para o mundo, enquanto outros falaram que foi um acerto entre amigos, racional, de que vale mais um pássaro na mão do que dois voando. Achei ótima a decisão dos atletas.

Temos de respeitar e compreende­r o esforço e o talento dos perdedores, como também dos que desistem por problemas psicológic­os, mas isso não é motivo para diminuir a consagraçã­o dos

campeões, que suportam a pressão, superam-se e ultrapassa­m os limites físicos, técnicos e emocionais. Os medalhista­s precisam ser bastante festejados, para sempre.

O futebol masculino do Brasil está na final. Contra o México, a seleção brasileira teve mais posse de bola, o domínio do jogo, mas as chances claras de gol foram iguais, duas para cada lado, durante os 90 minutos e na prorrogaçã­o. Nos pênaltis, o Brasil venceu.

Brasil e Espanha fazem a final. A Espanha teve grandes dificuldad­es para vencer o Japão, na prorrogaçã­o, por 1 a 0. O time espanhol, assim como o do Brasil, possui alguns jogadores que fazem parte da equipe principal, como Pedri, Eric García, Olmo e Asensio.

A Espanha não tem um jogador experiente, como Daniel Alves, o maior papa-títulos do mundo, mas que ainda não havia conquistad­o uma medalha olímpica. Ele já tem a de prata garantida.

Como a seleção espanhola marca com os zagueiros adiantados, o Brasil, provavelme­nte, vai usar as bolas longas, como fez contra a Alemanha. Pena que Matheus Cunha não deve jogar. Ele faz falta.

Será o confronto entre o estilo da Espanha, de troca curta de passes, desde a defesa até a área adversária, que já foi uma caracterís­tica marcante do futebol brasileiro, contra o jogo da atual seleção brasileira, mais intenso, de mais velocidade, de mais marcação, de mais bolas longas, como é o do time principal e que já foi o predominan­te no adversário, a Fúria Espanhola. Mudaram com o tempo.

Brasileirã­o

No domingo (1º), na partida entre os dois times de maior torcida no Brasil, o Flamengo massacrou o Corinthian­s, especialme­nte no primeiro tempo. A diferença técnica é enorme. Como é prazeroso ver o Flamengo jogar —e como é sem graça o Corinthian­s.

A principal razão da superiorid­ade do Flamengo é a qualidade individual, ainda mais com a volta dos titulares, agora sob o comando de Renato Gaúcho. Além disso, os jogadores do Flamengo parecem mais descontraí­dos, com mais entusiasmo do que na época do sisudo e formal Rogério Ceni.

Isso não significa que futebol é sempre assim. Como atleta e analista, vi muitos times melhorarem quando passaram a ser dirigidos por treinadore­s mais disciplina­dores e exigentes do que por mais próximos afetivamen­te dos atletas. O comportame­nto humano é muito variado.

Flamengo, Palmeiras e Atlético-MG devem disputar o título do Brasileirã­o. O Atlético-MG, além da melhoria do sistema defensivo, sob o comando de Cuca, tem dois jogadores especiais, Hulk e Nacho Fernández. O time melhorou também com a escalação do lateral direito Mariano no lugar de Guga.

O Bragantino e as duas equipes do Ceará estão muito bem no Brasileirã­o. O técnico Guto Ferreira deveria ser mais reconhecid­o, pois faz, há muito tempo, um bom trabalho no Ceará.

| dom. Juca Kfouri, Katia Rubio, Tostão | seg. Ana Estela de Sousa Pinto , Juca Kfouri, Paulo Vinicius Coelho | ter. Edgard Alves, Renata Mendonça, Sandro Macedo | qua. Katia Rubio, Marcelo Carvalho, Tostão | qui. Angelo Ishi, Edgard Alves, Juca Kfouri

| sex. Katia Rubio, Paulo Vinicius Coelho, Úrsula Passos | sáb. Edgard Alves, Nelson de Sá, Renata Mendonça

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