Mapa da mina
A pesquisa Datafolha deve reforçar a ênfase dada por candidaturas como as de Lula (PT) e Ciro Gomes (PDT) em medidas direcionadas aos trabalhadores informais, também chamados de invisíveis. No grupo dos assalariados sem registro, Jair Bolsonaro tem apenas 17% de avaliação ótima/boa e 60% de ruim/péssima. Esse universo, dos “precarizados” ou “uberizados”, tornou-se uma prioridade para candidatos de oposição, que vêm prometendo criar uma rede mínima de proteção social.
FIADO Outro flanco a explorar é o das donas de casa, as primeiras a sentirem a alta da inflação. Apenas 17% nesse grupo avaliam o desempenho de Bolsonaro como ótimo ou bom.
BÁLSAMO Governistas esperam que o recuo da inflação na parte final do ano e a aprovação da nova versão do Bolsa Família ajudem na recuperação de apoio destes segmentos. O novo auxílio, no entanto, depende de negociação difícil com Judiciário e Congresso para encontrar espaço fiscal.
QUE FASE A esta altura de seus respectivos governos, FHC tinha acabado de ser acusado da compra de votos para a reeleição (1997), Lula enfrentava o auge do mensalão (2005) e Dilma Rousseff havia recémenfrentado os protestos de junho de 2013. Mesmo assim, todos tinham avaliação melhor do que o atual presidente.
FIM DA LINHA Presidentes de partidos ouvidos pelo Painel afirmam que a rejeição recorde alcançada por Bolsonaro, mostrada pelo Datafolha, aponta para a inviabilização da reeleição dele em 2022. Gilberto Kassab (PSD) fala de um desembarque contínuo dos setores que um dia apoiaram em peso o presidente.
PRECIPÍCIO Para Carlos Lupi (PDT), “consolida-se um segundo turno dos sonhos, com Lula e Ciro Gomes, sem Bolsonaro”. Gleisi Hoffmann (PT) avalia que a crise econômica “vai pavimentando o caminho para fragilizá-lo mais politicamente”. Já Baleia Rossi (MDB) diz que Bolsonaro fala cada vez mais apenas para sua bolha de fiéis.
FICÇÃO O PT transmitirá nesta sexta (17), em seu canal no YouTube, entrevista com Joaquim de Carvalho, que lançou documentário com teses fantasiosas de que a facada em Jair Bolsonaro foi falsa. Petistas vêm divulgando o filme em redes sociais, apesar das evidências apresentadas pela Polícia Federal de que Adélio Bispo de Oliveira, autor do atentado, agiu sozinho.
INDIGNADOS A aprovação da quarentena eleitoral pela Câmara, ainda que valendo apenas para 2026, enfureceu parte da base social do presidente Jair Bolsonaro. Em nota, a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Judiciária e a associação dos delegados da Polícia Civil paulista chamaram a criação da medida de “manobra ardilosa”.
NÃO PASSARÃO Na mesma linha, o Sindicato dos Policiais Federais de SP classificou a quarentena como afronta à democracia. Já a bancada da bala na Câmara anunciou que irá ao Supremo Tribunal Federal.
NA CONTA DE QUEM Também houve críticas da Conamp (Ministério Público) e da Ajufe (juízes federais). A dúvida é até que ponto Bolsonaro levará parte da culpa pela medida, ou se a revolta caíra apenas no colo do Congresso Nacional.
DISTANCIAMENTO O juiz Marcelo Bretas determinou a transferência do ex-governador do Rio Sérgio Cabral do presídio Bangu 8 para o Batalhão Especial Prisional da Polícia Militar. A decisão foi tomada após ordem de Edson Fachin, do STF, para que Cabral fique afastado de pessoas mencionadas em sua delação.
NÃO COLOU Cabral havia pedido para ir para prisão domiciliar, mas Bretas entendeu que a mudança de presídio atenderia à determinação do ministro.
FUI Um dos fundadores do Novo, Christian Lohbauer anunciou sua desfiliação, aumentando a crise na legenda. Em vídeo, ele citou o “individualismo” de João Amoêdo, de quem foi vice na eleição presidencial de 2018, a falta de interlocução da direção com detentores de mandato e a insistência no impeachment de Bolsonaro.
MELHORASSIM Amoêdo afirma que a saída de Lohbauer dará mais coerência ao partido. “A saída de pessoas que são contra o impeachment vai diminuir o racha do Novo, em vez de aumentar. O que falta no partido hoje é unidade”.