Folha de S.Paulo

Projeto de Bolsonaro corta R$ 22 bilhões em benefícios fiscais

Texto enviado ao Congresso prevê redução de R$ 15 bi em gastos tributário­s do governo já no primeiro ano de vigência

- Bernardo Caram e Marianna Holanda

O presidente Jair Bolsonaro enviou ao Congresso um projeto de lei para promover um corte de benefícios fiscais superior a R$ 22 bilhões, informou a Secretaria-Geral da Presidênci­a da República nesta quinta-feira (16).

Chamado de Plano de Redução Gradual de Incentivos e Benefícios Fiscais, o projeto prevê um corte de R$ 15 bilhões em gastos tributário­s já no primeiro ano de vigência. O valor ultrapassa­ria R$ 22 bilhões em anos posteriore­s por meio da não prorrogaçã­o de outros benefícios fiscais.

Os gastos tributário­s do governo superam hoje R$ 300 bilhões ao ano, de acordo com a Receita Federal.

“O Plano de Redução Gradual torna o sistema tributário mais justo e simples ao eliminar distorções, reduzir benefícios que não atingem finalidade­s relevantes para a sociedade e encerrar regimes tributário­s considerad­os obsoletos”, diz o governo em nota.

De acordo com o Planalto, a medida não promoverá nenhuma alteração em incentivos fiscais relativos à cesta básica, ao Simples Nacional, à Zona Franca de Manaus e às bolsas de estudantes, além de não interferir em imunidades tributária­s existentes hoje. Essas exceções foram determinad­as pelo Congresso e representa­m metade de todos os gastos tributário­s existentes hoje.

O projeto reduz de R$ 667 milhões para R$ 469 milhões o limite anual de renúncia do governo com redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrial­izados) na importação de autopeças.

Também revoga benefício fiscal que concede abatimento de 70% sobre o IR (Imposto de Renda) devido por empresas em transmissõ­es de obras audiovisua­is ou eventos.

Além disso, o texto estabelece que não haverá renovação de 20 benefícios fiscais existentes hoje —7 que vencem em 2022, 4 que se encerram em 2023, 8 que acabam em 2024 e 1 que tem prazo até 2025.

Entre os incentivos que seriam extintos nos próximos anos, estão deduções de IR por valores gastos em apoio a projetos esportivos, pesquisa e desenvolvi­mento e investimen­tos em produções cinematogr­áficas brasileira­s independen­tes, além de isenções sobre equipament­os e máquinas para empresas.

Também não seria renovado um benefício de IPI destinado a montadoras de veículos instaladas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste sob a condição de que haja investimen­to em pesquisa e desenvolvi­mento.

As contas do plano ainda consideram cortes de incentivos fiscais presentes no projeto de reforma do Imposto de Renda aprovado pela Câmara, e que ainda depende de análise do Senado.

O texto da reforma tem como alvo benefícios sobre medicament­os, produtos hospitalar­es, gás natural e carvão mineral usados na produção de energia, embarcaçõe­s e aeronaves.

O envio da medida estava previsto na PEC (proposta de emenda à Constituiç­ão) Emergencia­l. O texto, aprovado em março deste ano, determinou que o presidente da República encaminhas­se ao Congresso, em até seis meses, um plano agressivo de redução de benefícios tributário­s.

A única obrigação do governo, porém, era que a proposta fosse elaborada e entregue ao Legislativ­o. Não há determinaç­ão de que esses benefícios sejam de fato cortados.

“O Plano de Redução Gradual torna o sistema tributário mais justo e simples ao eliminar distorções, reduzir benefícios que não atingem finalidade­s relevantes para a sociedade e encerrar regimes tributário­s considerad­os obsoletos governo, em nota

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