Governo pede estudos sobre horário de verão
Avaliação do Ministério de Minas e Energia, porém, é que programa não traz benefícios para enfrentar a crise hídrica
Apesar de crescente pressão de setores econômicos, o MME (Ministério de Minas e Energia) avalia que a volta do horário de verão teria impacto limitado no consumo de eletricidade do país e não ajudaria a enfrentar a crise energética.
Mesmo assim, o ministério afirma que já pediu novos estudos ao ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) para avaliar a questão “à luz da atual conjuntura de escassez hídrica”, em meio às pressões pelo retorno do programa extinto em 2019 pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
“A contribuição do horário de verão é limitada, tendo em vista que, nos últimos anos, houve mudanças no hábito de consumo de energia da população, deslocando o maior consumo diário de energia para o período diurno”, diz o ministério, em nota.
“No momento, o MME não identificou que a aplicação do horário de verão traga benefícios para redução da demanda”, continua, frisando que pediu que o ONS “reexaminasse a questão”. O operador disse que não comentaria o tema.
Setores como o de turismo, serviços e shopping centers vêm pressionando o governo pelo retorno do programa. Além da economia de energia, eles seriam beneficiados com o aumento da circulação de pessoas no início da noite.
Na segunda-feira (13), o pleito ganhou apoio do ICS (Instituto Clima e Sociedade), Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) e IEI (sigla para Iniciativa Energética Internacional), que consideram que o governo devea tomar todas as medidas de economia possíveis.
“O ganho é pequeno, mas nesse momento precisamos contar megawatt por megawatt”, disse o ex-diretor do ONS Luiz Eduardo Barata, apresentando um estudo sobre programas de eficiência energética.
A opinião é compartilhada pela ABCE (Associação Brasileira das Companhias de Energia Elétrica). “Por mais que não faça grandes diferenças, poupar é sempre bom”, diz o diretor-presidente da entidade, Alexei Vivan.
Ele lembra que o país está gerando toda a sua capacidade térmica, pressionando as tarifas de energia em 2021 e com tendência de pressão sobre 2022. Segundo projeção do Idec, o horário de verão economizaria de 2% a 3% do consumo no início da noite.
O deslocamento do horário de maior consumo para o início da tarde provocado pela popularização dos aparelhos de ar condicionado reduziu o impacto do horário de verão no sistema, o que foi uma das justificativas para a sua extinção.
Para o governo, a menor economia não justificava o transtorno provocado a trabalhadores que precisam acordar cedo e tomar o transporte público com o céu ainda escuro.
Na segunda-feira (13), Barata lembrou que o próprio ONS foi contrário ao fim do horário de verão, mas acabou prevalecendo o argumento de que a economia gerada não compensava os transtornos.