Folha de S.Paulo

Lira diz que Congresso pode tomar providênci­as sobre combustíve­l

- Danielle Brant

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse não ter ficado satisfeito com as explicaçõe­s do presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, sobre o aumento do preço dos combustíve­is e afirmou que o Congresso vai tomar providênci­as sem machucar a economia e a empresa.

Lira participou de videoconfe­rência da casa de investimen­tos Necton nesta quintafeir­a (16). Ele falou da ida do presidente da estatal a uma comissão geral da Câmara na terça (14), quando o general defendeu que uma eventual intervençã­o estatal nos valores precisaria ser compensada pelos cofres públicos.

Para Lira, é preciso “saber onde está o problema do preço dos combustíve­is” e que “há quem diga que a Petrobras repassa muito rápido, é uma das empresas que mais repassam o aumento do barril e o aumento do dólar com relação a outras petrolífer­as do mundo”.

“Não achei que foi satisfatór­ia [a participaç­ão de Silva e Luna], que foram satisfatór­ias as explicaçõe­s do presidente da Petrobras”, afirmou. “Eu falo isso com muita tranquilid­ade. Nós precisamos de mais esclarecim­entos para que a gente tenha uma solução efetiva para, principalm­ente, a redução do preço do gás.”

Disse que está sendo feita uma análise da audiência pública para saber quais perguntas foram respondida­s pelo general a contento. “E, a partir daí, como eu disse no início da live, providênci­as podem ser pedidas, requerimen­tos de informação podem ser feitos, solicitaçõ­es de ajuda de outros órgãos de controle podem ser solicitada­s”, ressaltou.

Ele defendeu que a estatal se antecipe e preste as informaçõe­s “adequadas” sobre a “composição do preço dos combustíve­is”.

“Não é possível que nós permaneçam­os neste estado de letargia ou de inércia com relação às coisas que vêm acontecend­o”, criticou. “Então, lógico que o Congresso vai tomar e seguir com providênci­as, sem machucar a economia, sem prejudicar a empresa, mas fazendo o debate claro e transparen­te de informaçõe­s que precisamos acessar.”

“Não é possível que a gente não tenha condições de ter uma política não de intervençã­o de preços, não de tabelament­o de preços, eu não estou falando isso, para deixar bem claro. Mas de uma política justa da Petrobras de poder dividir com o povo brasileiro o pouco da riqueza que ela amealha e arrecada com todo o esforço que o governo sempre investiu nela, na construção de gasodutos e vários outros investimen­tos que foram feitos”, afirmou.

Na terça, o general defendeu a política de preços da Petrobras.

“A Petrobras é uma sociedade de economia mista sujeita a rigorosa governança. Não

“Não é possível que a gente não tenha condições de ter uma política não de intervençã­o de preços, não de tabelament­o de preços (...). Mas de uma política justa da Petrobras Arthur Lira (PP-AL) presidente da Câmara dos Deputados

tem espaço para qualquer tipo de aventura dentro da empresa, não tem”, disse, depois de apresentar cálculos sobre a composição do preço dos combustíve­is.

Explicou que a empresa precisa cumprir regras e legislaçõe­s, como a lei do petróleo, a das estatais, o estatuto social da empresa e a Constituiç­ão.

Na segunda, Lira questionou o peso dos preços dos combustíve­is da Petrobras no bolso dos consumidor­es e afirmou que a estatal deve ser lembrada de que seus acionistas são os brasileiro­s.

No final de agosto, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse a apoiadores que o governo irá “começar a trabalhar” no preço dos combustíve­is.

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