Folha de S.Paulo

Após anúncio, seis capitais decidem interrompe­r campanha

- Katna Baran, Fernanda Canofre, João Pedro Pitombo, Ana Luiza Albuquerqu­e, Matheus Rocha, Marcelo Toledo e Leonardo Augusto

curitiba , porto alegre , salvador , rio de janeiro , rio de janeiro, ribeirão preto e belo horizonte Seis capitais anunciaram nesta quinta-feira (16) a suspensão da vacinação de adolescent­es contra a Covid-19 depois de nova orientação divulgada pelo Ministério da Saúde.

A vacinação foi interrompi­da ao menos em Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Maceió, Natal e Salvador. Outras capitais decidiram manter a imunização desse grupo, como Rio de Janeiro e São Paulo, ou estão com indefiniçã­o em relação ao tema.

Em nota da Secretaria Extraordin­ária de Enfrentame­nto à Covid-19, vinculada ao Ministério da Saúde, a pasta diz ter revisado a recomendaç­ão para imunização de adolescent­es sem comorbidad­es.

O órgão federal restringiu o esquema vacinal ao público de 12 a 17 anos com comorbidad­es ou deficiênci­a e aos privados de liberdade.

Na Bahia, a prefeitura de Salvador seguiu a recomendaç­ão do ministério e suspendeu ainda na manhã desta quinta a vacinação de adolescent­es entre 12 e 17 anos. A imunização foi mantida para as pessoas nesta faixa de idade com comorbidad­es, deficiênci­a permanente ou privadas de liberdade.

A capital baiana já havia vacinado adolescent­es de 15 a 17 anos e estava imunizando os jovens na faixa de 14 anos. Ao todo, já receberam a dose 47.653 adolescent­es entre 12 e 17 anos, cerca de 30% do público-alvo na cidade.

A prefeitura de Belo Horizonte, que não havia fechado data para iniciar a imunização dos adolescent­es sem comorbidad­es contra a Covid-19, informou que não vai vacinar adolescent­es acima de 12 anos desse grupo.

A Secretaria da Saúde de Belém também afirmou que seguirá a orientação do governo federal e suspenderá a vacinação de adolescent­es sem comorbidad­es. Na cidade, adolescent­es de 17 anos já haviam sido imunizados.

Após a nota do governo federal, as prefeitura­s de Curitiba e Maceió também anunciaram que vão suspender a vacinação dos jovens de 12 a 17 anos sem comorbidad­es.

Está mantida, porém, a imunização dessa faixa etária nos casos de deficiênci­a permanente ou comorbidad­e.

Em Natal, a prefeitura começaria nesta quinta a imunização de adolescent­es de 17 anos sem comorbidad­es, mas suspendeu a campanha.

Em oito capitais, pelo contrário, a vacinação seguirá e, em outras duas, as prefeitura­s estão aguardando detalhes do PNI (Programa Nacional de Imunizaçõe­s).

São os casos de Manaus e Florianópo­lis. A prefeitura de Manaus afirmou que a equipe técnica do município ainda decidirá se suspende ou não a vacinação, que já foi iniciada para esse grupo etário há mais de um mês, em 14 de agosto.

Florianópo­lis vai deliberar sobre o assunto e aguarda posicionam­ento do PNI.

Em Palmas, o anúncio da suspensão fez a prefeita, Cinthia Ribeiro (PSDB), usar as redes sociais para criticar a nota.

“É muita desorganiz­ação esse PNI. Toda hora precisamos ajustar no meio do caminho ‘o que pode ou não pode’, sem contar os desafios de lidar com a falta de imunizante­s. Tá osso!”, escreveu.

Entre as capitais que decidiram manter a vacinação estão São Paulo, Rio de Janeiro, Aracaju, Porto Velho, Porto Alegre, Rio Branco, Goiânia e Campo Grande.

O governo de São Paulo disse lamentar a decisão do ministério e afirmou que ela vai na contramão de autoridade­s sanitárias de diversos países.

“A medida cria inseguranç­a e causa apreensão em milhões de adolescent­es e famílias que esperam ver os seus filhos imunizados, além de professore­s que convivem com eles”, diz em nota.

No Rio, a prefeitura decidiu manter a vacinação dos adolescent­es de 14 anos, já marcada para esta quinta e sexta. A secretaria municipal de Saúde afirma que a recomendaç­ão do ministério leva em consideraç­ão o momento de escassez de vacinas.

Na capital fluminense, informam ainda, a vacinação de adolescent­es de 12 e 13 anos será submetida na próxima quarta-feira (22) ao Comitê Especial de Enfrentame­nto à Covid-19, que avaliará as ponderaçõe­s do ministério. A secretaria também reforça que o assunto está em discussão no Conass (Conselho Nacional de Secretário­s de Saúde).

Ao manter a vacinação, Aracaju alega que a nota “não suspende ou proíbe a administra­ção de vacina em adolescent­es sem comorbidad­es”.

Porto Velho tomou decisão semelhante e informou que não suspenderá a aplicação neste momento, pois tem estoque suficiente para atender a todos os perfis específico­s dessa faixa etária.

Já a prefeitura de São Luís informou que vacinou 100% dos adolescent­es de 12 a 17 anos cadastrado­s em seu sistema e que a OMS (Organizaçã­o Mundial da Saúde) orienta a garantia de aplicação das duas doses para completar o ciclo de vacinação. Por isso, aguarda esclarecim­entos para adotar novas diretrizes na campanha municipal.

Cuiabá e Teresina ainda não começaram a vacinar os adolescent­es sem comorbidad­es.

“É muita desorganiz­ação esse PNI. Toda hora precisamos ajustar no meio do caminho ‘o que pode ou não pode’, sem contar os desafios de lidar com a falta de imunizante­s. Tá osso!

Cinthia Ribeiro prefeita de Palmas

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