Folha de S.Paulo

Ministro diz que jogou R$ 300 mi fora com Enem

- Washington Luiz

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse nesta quinta-feira (16) que jogou R$ 300 milhões da pasta “na lata do lixo” com estudantes que pediram a isenção do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) em 2020 e não comparecer­am na data da prova.

Ribeiro fez a afirmação durante audiência no Senado ao comentar decisão recente do STF (Supremo Tribunal Federal). A corte obrigou o governo a reabrir o prazo de solicitaçã­o de isenção da taxa de inscrição do Enem de 2021 e proibiu que a gratuidade seja negada a quem se ausentou na última prova sem apresentar justificat­iva.

“No outro Enem, nós havíamos aberto a oportunida­de para muitos alunos fazerem a inscrição gratuitame­nte. Eles fizeram e simplesmen­te não comparecer­am à prova”, disse o ministro aos senadores.

“Eu dei a eles, o Inep, demos a eles a oportunida­de de justificar [...] simplesmen­te não respondera­m. Eu peguei dinheiro dos senhores, do MEC, R$ 300 milhões, quando eu comprei prova, contratei logística, contratei professore­s que fizeram correção, a impressão, R$ 300 milhões do MEC, em ano de pandemia, joguei na lata do lixo.”

O edital deste ano vetava a isenção a quem faltou em 2020 sem justificar a ausência. Segundo o ministro, o objetivo era “dar uma disciplina” aos faltantes.

Essa proibição fez com que o perfil dos inscritos no Enem em 2021 fosse o mais branco e elitista em mais de uma década, com a menor proporção de pretos, pardos e indígenas.

Depois da derrota no STF, o governo reabriu o prazo de inscrição do exame até 26 de setembro.

Na mesma audiência, o ministro pediu desculpas pelas manifestaç­ões recentes sobre a inclusão de crianças com deficiênci­a nas escolas. Ribeiro reconheceu que as suas falas não foram adequadas.

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