Folha de S.Paulo

Chegada de Messi no PSG faz microecono­mia girar em Paris

- Richard Lough Tradução de Paulo Migliacci

Para o fotógrafo parisiense Olivier Sanchez, só existe uma história na cidade: a vida nova de Lionel Messi.

Jornais e revistas de todo o mundo assediam a Crystal Pictures, sua agência fotográfic­a, em busca de imagens do futebolist­a argentino, sua mulher e seus filhos se assentando na capital francesa, um mês depois de sua chegada. “Para mim, hoje, é Messi e ninguém mais”, disse Sanchez. “Todo mundo quer alguma coisa sobre ele. Ele é o rei. Simplesmen­te.”

Quando o Barcelona anunciou que não teria como continuar pagando o jogador, o Paris Saint-Germain se apressou a contratá-lo. O PSG fechou acordo com um salário de assombroso­s 71 milhões de euros (cerca de R$ 440 milhões), de acordo com a mídia, mas o presidente do clube, Nasser Al-Khelaifi, declarou que as pessoas ficariam “chocadas” com a receita que Messi traria. E a trilha do dinheiro vai muito além do clube.

Para corretores de imóveis de luxo e proprietár­ios de restaurant­es argentinos, para os paparazzi e concierges, Messi representa uma oportunida­de financeira clara.

Susie Hollands, corretora de imóveis de luxo, está vasculhand­o o mercado em busca de um imóvel digno de um homem definido pela revista Forbes como o segundo mais bem pago entre os atletas do planeta, em 2021. Hollands, a fundadora da Vingt Paris, uma agência de imóveis de luxo, já colaborou com o PSG no passado e está ciente das demandas dos atletas de elite. “Eles tipicament­e querem imóveis de mil metros quadrados —isso quase não existe no centro de Paris— e estacionam­ento para seus carros”, diz.

Desde que o emir do Qatar adquiriu o PSG, em 2011, a empresa de concierges de Yves Abitbol ajudou a acomodar alguns dos jogadores mais famosos contratado­s pelo clube, organizand­o sua busca de casas, lidando com questões bancárias e de seguros e encontrand­o empregados domésticos.

Abitbol disse que sua empresa, a MyConcierg­e, havia trabalhado em estreito contato com o PSG até que o clube decidiu criar uma equipe interna de concierges, anos atrás, o que o tirou da função. Mas mesmo assim, a agência de viagens de luxo de Abitbol viu um movimento maior no mercado causado pela chegada de Messi. “Gente do mundo inteiro nos procura pedindo que organizemo­s estadias de três dias em Paris com ingressos para assistir a um jogo de Messi”, ele disse.

A demanda quentíssim­a por ver Messi ao vivo levou o mercado paralelo de ingressos para o segundo jogo do time depois de sua contrataçã­o a uma cotação de 800 euros (quase R$ 5 mil). A camisa número 30 de Messi, à venda por 108 euros (R$ 669), esgotou os estoques mais rápido do que qualquer outra, disse o PSG.

A Talkwalker, empresa que acompanha o mercado de mídia social, informou que, da sexta em que o nome de Messi foi ligado ao do clube pela primeira vez à terça seguinte, quando ele assinou, o PSG ganhou três milhões de seguidores novos na mídia social.

“Vimos um salto na mídia social”, disse Enrique Tirigall, um dos fundadores da cadeia de restaurant­es argentinos de luxo Volver, em Paris. O número de reservas para a churrascar­ia principal da rede, destino popular entre jogadores do PSG, estourou depois da contrataçã­o de Messi.

“Todo mundo quer comer o que ele come”, disse Tirigall.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil