Chegada de Messi no PSG faz microeconomia girar em Paris
Para o fotógrafo parisiense Olivier Sanchez, só existe uma história na cidade: a vida nova de Lionel Messi.
Jornais e revistas de todo o mundo assediam a Crystal Pictures, sua agência fotográfica, em busca de imagens do futebolista argentino, sua mulher e seus filhos se assentando na capital francesa, um mês depois de sua chegada. “Para mim, hoje, é Messi e ninguém mais”, disse Sanchez. “Todo mundo quer alguma coisa sobre ele. Ele é o rei. Simplesmente.”
Quando o Barcelona anunciou que não teria como continuar pagando o jogador, o Paris Saint-Germain se apressou a contratá-lo. O PSG fechou acordo com um salário de assombrosos 71 milhões de euros (cerca de R$ 440 milhões), de acordo com a mídia, mas o presidente do clube, Nasser Al-Khelaifi, declarou que as pessoas ficariam “chocadas” com a receita que Messi traria. E a trilha do dinheiro vai muito além do clube.
Para corretores de imóveis de luxo e proprietários de restaurantes argentinos, para os paparazzi e concierges, Messi representa uma oportunidade financeira clara.
Susie Hollands, corretora de imóveis de luxo, está vasculhando o mercado em busca de um imóvel digno de um homem definido pela revista Forbes como o segundo mais bem pago entre os atletas do planeta, em 2021. Hollands, a fundadora da Vingt Paris, uma agência de imóveis de luxo, já colaborou com o PSG no passado e está ciente das demandas dos atletas de elite. “Eles tipicamente querem imóveis de mil metros quadrados —isso quase não existe no centro de Paris— e estacionamento para seus carros”, diz.
Desde que o emir do Qatar adquiriu o PSG, em 2011, a empresa de concierges de Yves Abitbol ajudou a acomodar alguns dos jogadores mais famosos contratados pelo clube, organizando sua busca de casas, lidando com questões bancárias e de seguros e encontrando empregados domésticos.
Abitbol disse que sua empresa, a MyConcierge, havia trabalhado em estreito contato com o PSG até que o clube decidiu criar uma equipe interna de concierges, anos atrás, o que o tirou da função. Mas mesmo assim, a agência de viagens de luxo de Abitbol viu um movimento maior no mercado causado pela chegada de Messi. “Gente do mundo inteiro nos procura pedindo que organizemos estadias de três dias em Paris com ingressos para assistir a um jogo de Messi”, ele disse.
A demanda quentíssima por ver Messi ao vivo levou o mercado paralelo de ingressos para o segundo jogo do time depois de sua contratação a uma cotação de 800 euros (quase R$ 5 mil). A camisa número 30 de Messi, à venda por 108 euros (R$ 669), esgotou os estoques mais rápido do que qualquer outra, disse o PSG.
A Talkwalker, empresa que acompanha o mercado de mídia social, informou que, da sexta em que o nome de Messi foi ligado ao do clube pela primeira vez à terça seguinte, quando ele assinou, o PSG ganhou três milhões de seguidores novos na mídia social.
“Vimos um salto na mídia social”, disse Enrique Tirigall, um dos fundadores da cadeia de restaurantes argentinos de luxo Volver, em Paris. O número de reservas para a churrascaria principal da rede, destino popular entre jogadores do PSG, estourou depois da contratação de Messi.
“Todo mundo quer comer o que ele come”, disse Tirigall.