‘Mr. Corman’ reflete angústias da vida adulta
Série do Apple TV+, criada e estrelada por Joseph Gordon-Levitt, mistura estilos e mostra ousadia em sua honestidade
“Mr. Corman” tem alguns assuntos centrais. Sonhos perdidos, desilusão amorosa, angústia existencial e o constante perigo que corremos de afundar em uma depressão. Mas, ao contrário do que essa lista pode fazer parecer, essa é uma série ágil e criativa, que, se não vai fazer o telespectador gargalhar, certamente vai fazer sorrir.
Joseph Gordon-Levitt é o criador de “Mr. Corman”. Também escreveu e dirigiu a maioria dos episódios, interpreta o protagonista e assina como produtor-executivo. Essa é a série dele, que representa tudo que o ator aprendeu e teve vontade de mostrar até agora, aos 40 anos.
Gordon-Levitt estreou como ator no cinema aos 11 anos, no filme “Nada É para Sempre”, de 1992, dirigido por Robert Redford. Mas ficou conhecido aos 15, na série “3rd Rock from the Sun”, levada ao ar de 1996 a 2001. Desde então, fez longas, como “500 Dias Com Ela”, “A Origem” e “Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge”.
Agora, ele parece ter parado na frente do espelho e pensado como seria se nada disso tivesse acontecido. O resultado poderia ser esse personagem, Josh Corman, um professor de quinta série de uma escola pública, que passou a adolescência e a juventude apostando que seria músico, mas descobriu que não era tão bom quanto precisaria ser para viver disso.
Quando desiste do sonho, perde também a namorada, Megan, papel de Juno Temple, que nos quatro primeiros episódios só aparece em lembrança. Josh divide um apartamento quase vazio com um amigo recém-divorciado de origem latina, Victor, interpretado por Arturo Castro —ator e roteirista de “Broad City”—, motorista de uma empresa de entrega de pacotes. Os dois passam a maioria das noites jogando videogames na TV da sala, quase sem conversar.
Uma noite, Josh decide que a vida não pode ser só aquilo e vai a um bar conhecer alguém e, quem sabe, se apaixonar. O encontro acontece, mas começa e termina das piores maneiras possíveis. A sorte não parece estar do lado dele, que, além de tudo, passa a sofrer ataques de ansiedade, retratados de uma maneira tão realista, e com uma sonorização tão infernal, que quase provoca a mesma reação em quem está do lado de cá da tela da TV.
Mas a insolência está do lado de Gordon-Levitt, que corta a narrativa de seu personagem com cenas de realismo fantástico, números musicais e até um episódio inteiro dedicado ao seu companheiro de apartamento, Victor. Esse, aliás, é um dos pontos altos da série até aqui. A história