Livro conta a história de Patti Smith, multiartista que ama rock e liberdade
‘Os Cavalos de Patti’, da uruguaia Pato Segovia, conta a história da multiartista Patti Smith e fala de seu amor pelos amigos e pela liberdade
são paulo Era uma vez uma menina chamada Patricia, e que todos conheciam como Patti. Muito talentosa, Patti escolheu que, ao longo da sua vida, se dedicaria a vários tipos de arte —ela experimentou ser cantora, compositora, fotógrafa, escritora e poetisa. Na música, Patti sempre foi fã do rock e do punk.
Patti, a heroína desta história aqui, é uma mulher de verdade que nasceu nos Estados Unidos em 1946 —hoje, ela tem 74 anos, uma idade talvez parecida com a de seus avós. Quando completou 29 anos, Patti lançou seu primeiro disco. O nome dele era “Horses”, “cavalos” em inglês. E foi baseada principalmente nesse disco que uma escritora uruguaia escreveu um livro, que acaba de ser publicado no Brasil.
“Os Cavalos de Patti”, de Pato Segovia (Edições Barbatana, 40 páginas, R$ 52), mostra Patti procurando por seus animais favoritos, que despareceram. Na jornada, ela conta com a ajuda de amigos que, assim como ela, também existem na vida real e também são fãs do rock e do punk.
De sua casa no Uruguai, por email, Pato deu entrevista para a Folhinha e falou coisas que, se você é fã do rock, do punk, de animais e de liberdade, vai gostar de aprender.
Patti passa o livro todo procurando por seus cavalos, mas ela não parece desesperada como às vezes ficamos quando nosso animal de estimação some. Como ela consegue ficar calma? Patti não está sozinha nessa busca, tem amigos e eles a acompanham. Às vezes, quando temos algum problema, falamos com amigos que também compartilham das mesmas inquietações e das mesmas alegrias. Ainda que às vezes eles não nos deem a resposta exata para nossas perguntas, eles fazem com que a nossa busca seja mais confiante e menos dramática.
Muitas crianças têm cachorros e gatos de estimação. Por que você acha que Patti escolheu cavalos? Não sei exatamente o motivo, mas sempre que a leio ou a escuto, posso pensar que ela decide viver uma vida livre, como um cavalo livre. Para mim, os cavalos são símbolo de força e de liberdade. Quando você for escutar algumas das canções de Patti, convido a fechar os olhos e com certeza sentirá como eles galopam.
A roupa que Patti aparece usando no livro é muito legal. Você pode falar mais sobre ela? Gosto muito dessa forma como ela tem de se mostrar, sem a necessidade de aparentar um gênero definido, ser menina, ser menino. Essa roupa, além de ficar muito bem nela, a mostra como uma pessoa muito segura de si mesma.
Patti tem muitos amigos. O que você acha que as pessoas mais gostam nela? Desde que conheci a música de Patti e li alguns de seus livros, também quis tê-la como amiga. Acredito que muitos gostariam de ter por perto uma pessoa que convida a refletir sobre a liberdade, o amor, a justiça, a luta pela defesa da natureza, e que, além do mais, defenda que o poder de lutar por nossos sonhos está em nós mesmos. As pessoas que tomam as rédeas de sua vida e que assumem seus fracassos e sucessos me encantam.
Um dos amigos dela, o Iggy, se transforma em cachorro no
livro. Como ele faz isso? Iggy se transforma em cachorro porque pensou nisso muitas vezes. Para algumas pessoas, querer e desejar se converte em poder. Iggy é uma dessas pessoas. Ele tem uma supercanção que se chama “I Wanna Be your Dog” (“Quero Ser seu Cachorro”), e, além disso, tem feito campanhas contra o maltrato animal.
Por que você quis escrever
um livro sobre a Patti? Gosto muito dela, do que ela diz. Sua coerência. Gosto das pessoas que se mostram como são, que lutam pela liberdade e que, compartilhando sua arte, fazem com que a vida dos outros fique mais bonita.
Quando finalmente encontra seus cavalos, Patti diz que só queria mesmo observá-los. Por que ela não quer montálos? Neste livro, os cavalos simbolizam a liberdade, e a liberdade não pode ser aprisionada, isso vai contra seus princípios.