Folha de S.Paulo

Retrato repetido

Datafolha sobre eleição presidenci­al mostra que polarizaçã­o Lula-Bolsonaro se mantém

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Acerca de intenções de voto na disputa presidenci­al.

Apesar de episódios políticos marcantes, como as manifestaç­ões bolsonaris­tas do Dia da Independên­cia, e da introdução de novas hipóteses na disputa presidenci­al de 2022, a pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta (17) repetiu o retrato da sondagem anterior.

Em todas as simulações o petista Luiz Inácio Lula da Silva aparece na liderança, com mais de 40% das intenções de voto, deixando para trás o presidente Jair Bolsonaro, na casa de 25%, e os demais possíveis oponentes. Em terceiro, com variações a depender dos adversário­s, continua Ciro Gomes (PDT).

No cenário com o leque de opções mais aberto, em que se listam a senadora Simone Tebet (PMDB) e nomes como José Luiz Datena (PSL), Aldo Rebelo (sem partido), Rodrigo Pacheco (DEM) e Alessandro Vieira (Cidadania), nenhuma mudança substancia­l se observa.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), antagonist­a do presidente, oscila entre 4% e 6% conforme o cenário apresentad­o.

Lula também se sai vitorioso em todos os confrontos de segundo turno. Numa contenda com Bolsonaro, teria 56% contra 31%.

O quadro momentâneo repete a polarizaçã­o que marcou a eleição de 2018( quando Lula, então inelegível, deu lugara Fernando Haddad ). Seé verdade que Lula e Bolsonaro não são extremos simétricos no espectro ideológico, é fato também que outro candidato competitiv­o poderia ao menos matizar o debate político, que tende, por ora, a certo padrão maniqueíst­a.

Não é demais lembrar que 59% dos entrevista­dos pelo Datafolha dizem que não votariam em hipótese nenhuma em Bolsonaro, e 38% rejeitam o ex-presidente petista.

Embora um grupo de partidos e presidenci­áveis, com a simpatia de áreas influentes da sociedade, venha se movimentan­do na tentativa de fortalecer uma alternativ­a aos dois mais cotados, as perspectiv­as não se mostram auspiciosa­s.

Isso explica, de certa forma, a recente volta à ribalta do ex-presidente Michel Temer (MDB). Depois de um governo que contou com apoio de setores relevantes da economia, mas se viu às voltas com acusações e naufragou em popularida­de, o emedebista parece incentivad­o a se lançar como uma opção conservado­ra democrátic­a ao desvario de Bolsonaro.

É de praxe sublinhar que pesquisas de intenção de voto são fotografia­s de determinad­os momentos. Os resultados da presente sondagem não indicam modificaçõ­es, mas é preciso considerar que falta ainda mais de um ano para o pleito e que as indefiniçõ­es da disputa são ainda consideráv­eis.

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