Folha de S.Paulo

Eficácia e segurança atestadas

Em cenário instável, não faz sentido abrir mão de vacina que está disponível

- Regiane de Paula Doutora em ciências da saúde e coordenado­ra do Plano Estadual de Imunização (PEI) de São Paulo

Já se passaram oito meses desde que o governo do estado de São Paulo aplicou a primeira dose de Coronavac em solo brasileiro. Aquele domingo, 17 de janeiro de 2021, foi a materializ­ação da esperança e o pontapé inicial para uma campanha nacional que já se mostra exitosa, com adesão e confiança da população.

Agora, o novo desafio imposto às autoridade­s de saúde é compreende­r a perenidade da imunidade. Estudos publicados têm apontado que precisamos aplicar uma dose adicional para intensific­ar níveis de anticorpos, pois tendem a cair após um período. Isso pode ocorrer com diversos tipos de vacinas de rotina e justifica, inclusive, as nossas campanhas anuais de imunização.

Foi com base nessas evidências, mas sobretudo na premissa maior de salvar vidas que rege o Plano Estadual de Imunização (PEI) de São Paulo, liderado pelo governador João Doria (PSDB), que começamos a aplicar a dose adicional a partir do dia 6 de setembro em idosos acima de 60 anos e em imunossupr­imidos.

Saímos na frente no país, não por mero protagonis­mo e sim pelo senso de urgência. Por isso, optamos por utilizar todas as vacinas disponívei­s e chancelada­s pela Anvisa para a dose adicional, incluindo a Coronavac. Frente às inegáveis evidências científica­s sobre a segurança, eficácia e importânci­a deste imunizante, temos confiança em avançar desta forma na nova etapa da campanha.

Estudo com 10,2 milhões de pessoas no Chile ratificou a eficácia da Coronavac, superior a 85% para internaçõe­s no geral, 90% entre pacientes em UTIs e maior que 86% para prevenção de mortes. O número de internaçõe­s em terapia intensiva e óbitos foi cinco vezes menor observando-se as pessoas com esquema vacinal completo em relação às não vacinadas. O número de casos foi de apenas metade e ainda 75% menor entre o total de hospitaliz­ados.

Além de seguro, o reforço com Coronavac é capaz de amplificar a proteção dos já vacinados. Estudo realizado na China indicou que a dose adicional induz rápida resposta imune mediante aplicação em idosos acima de 60 anos após seis meses da administra­ção da segunda dose.

Os resultados apontaram que, com o passar do tempo, ocorre uma queda de anticorpos neutraliza­ntes, indicados também nos demais imunizante­s; no entanto, com a aplicação da dose adicional há uma reversão dessa curva, elevando-os a patamares superiores aos observados quando da aplicação da segunda dose. A resposta sorológica pode ser multiplica­da por seis vezes após sete dias da aplicação da terceira dose, indicando assim uma resposta imune consolidad­a.

Fundamenta­l apontar que, além desses benefícios, não foram identifica­dos eventos adversos graves atribuívei­s à vacinação, o que mostra que não faz sentido abrir mão de um imunizante que está disponível, ainda mais em um cenário de instabilid­ade de distribuiç­ão de vacinas de RNA mensageiro (mRNA) provocado pelo Ministério da Saúde.

A confiança da população idosa na Coronavac está refletida nos números da cobertura vacinal no estado de São Paulo e na redução dos índices da pandemia. Os dados mostram 100% de cobertura entre os idosos acima de 65 anos e uma redução de 88% nas mortes por Covid-19 entre aqueles com mais de 70 anos no Brasil.

Todas as vacinas são importante­s no combate à Covid-19. Deixar de lado a Coronavac em um momento tão importante da continuida­de da queda dos indicadore­s seria abrir mão de uma arma comprovada­mente eficaz e segura.

Estudo realizado na China indicou que a dose adicional induz rápida resposta imune mediante aplicação em idosos acima de 60 anos após seis meses da administra­ção da segunda dose. (...) A resposta sorológica pode ser multiplica­da por seis vezes após sete dias da aplicação da terceira dose, indicando assim uma resposta imune consolidad­a

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil