Folha de S.Paulo

Crise econômica deve elevar déficit habitacion­al para 6,1 milhões de moradias no país, diz estudo

- Leonardo Vieceli

rio de janeiro A crise econômica na pandemia, que inclui alta da inflação, restrição na área de energia, desemprego e instabilid­ade política, vai afetar também a oferta de moradias. O déficit habitacion­al deve crescer no país e atingir 6,102 milhões de moradias em 2021. A projeção é de um estudo da empresa de investimen­tos e gestão TCP Partners.

O déficit habitacion­al é um conceito que abrange três divisões: domicílios precários (improvisad­os e rústicos), coabitação (moradias formadas por cômodos de uma residência) e habitações com altos custos de aluguel em relação à renda dos moradores.

Em 2019, período pré-pandemia, o déficit brasileiro era de 5,877 milhões de unidades, conforme levantamen­to divulgado em março pela Fundação João Pinheiro.

Foi a partir desse resultado que a TCP Partners buscou estimar os efeitos da crise sanitária. Conforme a previsão da empresa, o déficit deve atingir mais 225 mil moradias em um intervalo de dois anos. Com isso, chegaria ao número de 6,102 milhões em 2021.

Ricardo Jacomassi, sócio e economista-chefe da TCP Partners, diz que o avanço tende a ser puxado por três questões verificada­s ao longo da pandemia. São elas: aumento do desemprego, perda de renda de parte da população e alta dos custos de aluguel.

No caso do aluguel, Jacomassi destaca a disparada do IGP-M. O indicador, referência para o reajuste de contratos de locação, acumulou avanço de 31,12% em 12 meses até agosto.

Já a taxa de desemprego foi de 14,1% no trimestre encerrado em junho, dado mais recente disponível. Havia 14,4 milhões de trabalhado­res desocupado­s no país à época.

“Projetamos a alta do déficit habitacion­al aplicando os efeitos da crise da Covid-19. Houve impactos nefastos na economia. Primeiro, tivemos alta do desemprego, depois queda da renda e aumento do aluguel”, frisa o economista.

A análise sobre o déficit habitacion­al faz parte de estudo da TCP Partners sobre as perspectiv­as para a indústria e o varejo de materiais de construção.

Conforme Jacomassi, há espaço para os setores crescerem no país. No entanto, as dificuldad­es associadas à pandemia, como o provável avanço do déficit habitacion­al, criam um “cenário desafiador”.

Esse horizonte de desafios, diz o economista, pode ser uma ameaça para os negócios até o primeiro semestre de 2023.

É que, além do desemprego, da inflação e da queda da renda, o país vive novo ciclo de alta nos juros.

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