Italiano de paixões brasileiras, era fã de futebol
RICCARDO SCATENA (1948-2021)
são paulo O segundo C no nome e o temperamento animado ajudavam a denunciar a nacionalidade de Riccardo Scatena, natural de Colleferro, na província de Roma, na Itália. No Brasil desde os nove anos de idade, ainda jovem começou como empregado na fábrica de autopeças Pagano Latini,
que pertencia à família.
Nos anos 1980, Riccardo a comprou do tio e, sob seu comando, a empresa cresceu e ganhou nova sede —trocou o Pari (na região central de São Paulo) pelo Parque Novo Mundo (zona norte) e depois Guarulhos (Grande SP). Ao encerrar a Pagano Latini, em meados de 2000, Riccardo tornou-se representante comercial no mesmo ramo.
O Pari foi um bairro emblemático em sua história, pois reúne os momentos da infância, o progresso profissional e a convivência com o grande amor, Elza Amália. Ambos se conheceram enquanto criança.
“Minha mãe morava na casa de frente para a dele, e os dois chegaram a estudar juntos na mesma sala. Primeiro, meu pai casou-se com a Vera e teve dois filhos. Já separado, um dia, viu minha mãe passar em frente ao prédio onde morava e perguntou à minha avó se ela estava solteira. Ele ligou no trabalho dela e a convidou para jantar”, conta a jornalista Livia Scatena, 35, uma das filhas.
O casal ficou junto por 40 anos —36 de matrimônio. Assim que se casaram, Ricardo e Elza mudaram-se para um condomínio na Casa Verde (zona norte), onde fez grandes amigos. Ao lado deles, “zerava o QI”, o que significava dar risada, comer churrasco, jogar caixeta e dominó, além de jogar e acompanhar o futebol, uma das poucas paixões que teve em vida. Riccardo jogou futebol com os amigos até os 71 anos. Torcia para a seleção brasileira se a italiana não dividisse o campo. Morreu dia 15 de setembro, aos 73 anos, por complicações de Covid-19. Deixa a esposa, quatro filhos, um neto e o irmão.
CLARA CHILVARQUER Aos 87, viúva. Sexta (17/9). Cemitério Israelita do Butantã, Jardim Educandário (SP)