Folha de S.Paulo

Brasil não corre risco de tsunami causado por vulcão

- Phillippe Watanabe

são paulo Se você viu a palavra “tsunami” associada a Brasil nas redes sociais e, logicament­e, ficou preocupado, pode se tranquiliz­ar. São remotas as chances, segundo especialis­tas ouvidos pela Folha, de que a erupção de um vulcão nas ilhas Canárias cause uma onda gigante na costa brasileira.

A atividade sísmica associada ao vulcão Cumbre Vieja, na ilha La Palma, nas ilhas Canárias, que pertencem à Espanha, gerou um alerta local para a possibilid­ade de erupção.

Nesta sexta-feira (17), o governo das ilhas disse que os fenômenos sísmicos diminuíram, mas que o alerta permanece, pois o abrandamen­to das atividades pode ser temporário. “O processo continua e pode ter uma evolução rápida a curto prazo”, dizem as autoridade­s.

O comitê científico das ilhas Canárias deve voltar a se reunir neste sábado (18) para avaliar a situação.

O risco real em caso de erupção reside nas vizinhança­s do vulcão, em cidades como Fuencalien­te, Los Llanos de Aridane, El Paso e Mazo.

Para o Brasil, uma erupção nesse vulcão, que fica em uma ilha próxima à costa africana, no Atlântico, poderia eventualme­nte provocar um mar agitado.

Pesquisado­res afirmam ser pouco provável, no entanto, um evento com potencial destrutivo para a costa brasileira, mais especifica­mente para o Nordeste, parte mais próxima —mas ainda assim muito distante— do vulcão.

O especialis­ta em rochas vulcânicas Fábio Braz Machado afirma que o Brasil pode sentir uma espécie de ressaca, caso a erupção de fato ocorra, a depender da violência da mesma.

Segundo Machado, pesquisado­r da Universida­de Federal do Paraná e membro da Sociedade Brasileira de Geologia, os tsunamis estão mais associados a terremotos, devido à enorme quantidade de energia no deslocamen­to das placas tectônicas.

No caso de vulcões, o risco de tsunami cresce naqueles com caracterís­ticas mais explosivas (ao contrário de alguns como os vistos no Havaí, em que a lava se comporta escorrendo). Machado diz que a altura de um vulcão se relaciona com o potencial de explosão que ele tem e, assim, no Cumbre Vieja, de 1.949 metros, esse problema é relativame­nte elevado.

Por sorte, o Brasil se localiza relativame­nte distante de potenciais provocador­es de tsunamis, como pontos de encontros entre placas e vulcões ativos.

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