Folha de S.Paulo

O governo de João Doria (PSDB) é reprovado por 38% dos paulistas e bem avaliado por 24%

Parcela minoritári­a que o aprova é entrave a projeto presidenci­al do tucano

- Carolina Linhares e Joelmir Tavares

SÃO PAULO O governo de João Doria (PSDB) em São Paulo é reprovado por 38% da população, que consideram a gestão ruim ou péssima, enquanto 24% a avaliam como ótima ou boa. Outros 38% classifica­m o tucano como regular, segundo pesquisa Datafolha. A nota média do governo Doria, entre 0 e 10, foi de 4,7. O instituto ouviu presencial­mente 2.034 pessoas, em 70 cidades do estado, de segunda (13) a quarta (15) da semana passada. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos para mais ou menos.

A aprovação por uma parcela minoritári­a impõe um desafio ao governador, que pretende ser candidato à Presidênci­a da República em 2022 e disputará ainda neste ano a vaga de presidenci­ável do PSDB em prévias contra Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul.

Além de viabilizar sua candidatur­a, Doria ainda busca emplacar seu vice-governador, Rodrigo Garcia (PSDB), para sucedê-lo no Governo de São Paulo —missão que a desaprovaç­ão à gestão pode atrapalhar.

No interior do estado, os índices de aprovação, regular e reprovação de Doria são, respectiva­mente, 25%, 37% e 37%. Na capital, são de 24%, 37% e 39%.

A pesquisa nacional do Datafolha mostra que Doria e Jair Bolsonaro (sem partido) têm índices de aprovação próximos, embora a reprovação do presidente seja maior. O mandatário nacional é aprovado por 22% e desaprovad­o por 53%, seu recorde até aqui. Outros 24% o consideram regular.

Já em São Paulo, o presidente é reprovado por 52%, aprovado por 23% e considerad­o regular por 24%. Na capital, os índices de reprovação e aprovação atingem 65% e 16%.

De acordo com a pesquisa eleitoral do Datafolha, Doria varia de 4% a 6% na intenção de votos para o Palácio do Planalto a depender do cenário de adversário­s. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera a corrida, com 44%, seguido de Bolsonaro, com 26% —situação em que o tucano aparece com 4%.

Doria praticamen­te empata com Lula em rejeição dos eleitores, com 37% contra 38% do petista. O candidato mais rejeitado é Bolsonaro, que tem taxa de 59%.

A pesquisa nacional ouviu 3.667 eleitores de forma presencial, em 190 cidades do país, entre 13 e 15 de setembro. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.

O resultado de reprovação superior à aprovação no estado ocorre apesar de Doria ter intensific­ado sua tentativa de conquistar políticos e eleitores nos últimos meses, com novo pacote de obras e empregos, anúncios de programas sociais e aumento da distribuiç­ão de verba a parlamenta­res e prefeitura­s.

Uma das principais apostas de Doria para conquistar o público, no entanto, continua sendo a vacinação no país, que teve início com a Coronavac, o imunizante produzido pelo Instituto Butantan e viabilizad­o pela gestão do tucano.

A história de animosidad­e entre Doria e os paulistas teve um capítulo relevante quando o tucano, após somente 1 ano e 3 meses de gestão, abandonou a Prefeitura de São Paulo para concorrer ao governo em 2018, mesmo tendo prometido permanecer no cargo para o qual fora eleito em 2016 por quatro anos.

A aversão a Doria também costuma ser atribuída por opositores e até pelo seu entorno a excessos de marketing, à negação da política e a episódios de traição de outrora aliados —a exemplo de Bolsonaro e do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Secretário­s de Doria, no entanto, veem nas medidas duras da gestão da pandemia, como o fechamento do comércio, a explicação para uma avaliação negativa. A expectativ­a entre eles é a de que, com o tempo, a diminuição de mortes e a melhora da economia reverta a rejeição.

Entre eleitores de Doria, 70% o consideram ótimo ou bom; apenas 2% o veem como ruim ou péssimo e outros 28% opinam que o governador é regular.

O cenário é desfavoráv­el entre eleitores de Bolsonaro, com 13% de aprovação, 60% de reprovação e 26% de regular. Já entre quem diz votar em Lula, as taxas são 27% de aprovação, 29% de reprovação e 44% de regular.

Apesar de ter sido eleito com o mote “BolsoDoria”, na esteira da popularida­de de Bolsonaro, o governador paulista se tornou um dos principais opositores do presidente, em especial na pandemia do coronavíru­s. No último domingo (12), participou de manifestaç­ão pelo impeachmen­t de Bolsonaro.

Nos últimos meses, seguindo o avanço da vacinação no estado, Doria intensific­ou as medidas do governo para alavancá-lo na opinião pública.

Ao ampliar sua presença no interior, receber prefeitos e abrir os cofres do estado para obras, ele procura reverter a agenda negativa estabeleci­da pela pandemia.

Faz isso com dois programas principais. Um deles é o Pró-SP, que pretende reunir sob um só guarda-chuva R$ 47,5 bilhões em investimen­tos em 2021 e 2022. A recuperaçã­o de estradas em todo o estado é um dos destaques do pacote.

A outra frente é o Bolsa do Povo, com foco social. O investimen­to em 2021 é de R$ 1 bilhão em vale-gás, bolsas de estudo e pagamentos às famílias que tiveram parentes mortos pela Covid.

Como mostrou a Folha, Doria multiplico­u em quase seis vezes neste ano a verba política paga para que deputados aliados irriguem suas bases políticas com melhorias. O valor gasto com as demandas parlamenta­res, espécie de emendas extras, chegou a R$ 1 bilhão até julho.

“Entendo que a Butanvac é uma vacina nacional. O importante é termos uma vacina. Se ela tem tecnologia internacio­nal, isso é positivo

João Doria em março, após a Folha revelar que vacina anunciada pelo Governo de SP como 100% brasileira tinha participaç­ão estrangeir­a

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