Folha de S.Paulo

Assembleia da ONU é evento de risco por vírus, alertam especialis­tas

- Rafael Balago

Pela primeira vez desde o começo da pandemia, mais de cem líderes e delegações de vários países irão se reunir em um mesmo espaço físico, na Assembleia-Geral da ONU.

As medidas adotadas, como a restrição de público, ajudam a reduzir riscos de contágio, mas não há como evitá-los por completo, avaliam especialis­tas.

“Um encontro assim vai juntar pessoas de países e Estados que estão em momentos diferentes da pandemia. Se fossem pessoas de um mesmo local, com exigência de vacinação, como em eventos que estão sendo feitos nos EUA, os riscos seriam menores”, diz Alberto Chebabo, infectolog­ista da UFRJ.

A ONU determinou medidas de distanciam­ento e restrição de público, mas não exigirá comprovant­e de vacinação. Poderão comparecer apenas funcionári­os da entidade e jornalista­s que já trabalham no quartel-general e possuem escritório ali.

Não haverá plateia, e cada líder estrangeir­o poderá levar delegação de seis pessoas às dependênci­as, sendo quatro ao salão da assembleia. O uso de máscara será obrigatóri­o, exceto enquanto a pessoa estiver falando em reuniões.

Antes do evento, a prefeitura de Nova York tentou exigir que os frequentad­ores da Assembleia-Geral apresentas­sem comprovant­es de vacina. Na terça, a ONU indicou que atenderia ao pedido, mas recuou.

Se tivesse sido mantida, a medida poderia impedir a entrada de Bolsonaro, que já afirmou diversas vezes não ter se imunizado.

A sede da ONU em Nova York tem status de território internacio­nal e não está sob jurisdição de autoridade­s dos EUA. A exceção foi definida em acordo de 1947.

Assim, mesmo pessoas que não poderiam entrar no país, por estarem em listas de sanções econômicas e de veto de entrada, conseguem participar da Assembleia-Geral. Usando esse direito, líderes cubanos como Fidel Castro (1926-2016) e Che Guevara (1928-1967) puderam viajar para Nova York e discursar em defesa do socialismo no auge da Guerra Fria.

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