Folha de S.Paulo

Pfizer conclui testes e diz que vacina é segura em crianças

Segundo a farmacêuti­ca, imunizante contra a Covid-19 gerou proteção para essa faixa etária

- Michael Erman

A Pfizer e a BioNTech disseram nesta segunda-feira (20) que sua vacina contra Covid-19 induziu uma forte resposta imunológic­a em crianças de 5 a 11 anos. As farmacêuti­cas pretendem pedir autorizaçã­o para uso do imunizante em pessoas dessa faixa etária nos Estados Unidos, na Europa e em outros lugares assim que possível.

As farmacêuti­cas disseram que a vacina gerou uma reação imune nas crianças em seu teste clínico de fase 2/3 que se equipara ao que foi observado em jovens de 16 a 25 anos. O perfil de segurança também foi de modo geral comparável ao grupo de idade maior, afirmaram.

“Desde julho, os casos pediátrico­s de Covid-19 aumentaram cerca de 240% nos Estados Unidos, salientand­o a necessidad­e de vacinação para a saúde pública”, disse o diretor-executivo da Pfizer, Albert Bourla, em um comunicado enviado à imprensa.

“Esses resultados dos testes oferecem uma forte base para buscarmos a autorizaçã­o de nossa vacina para crianças de 5 a 11 anos, e pretendemo­s apresentá-los à Agência de Alimentos e Drogas [FDA na sigla em inglês] e a outros órgãos reguladore­s com urgência”, completou.

Autoridade­s de saúde graduadas dos EUA acreditam que os reguladore­s poderão tomar uma decisão sobre a segurança e a eficácia da vacina em crianças três semanas depois de as empresas apresentar­em o pedido de autorizaçã­o, disseram à Reuters duas fontes no início deste mês.

As internaçõe­s e mortes por Covid-19aumentar­amnosEUA nos últimos meses devido à variantede­lta,altamentec­ontagiosa. Os casos pediátrico­s também cresceram, particular­mente porque nenhuma pessoa com menos de 12 anos foi vacinada, mas não há indícios de que, além de ser mais transmissí­vel, a variante delta seja mais perigosa para crianças.

Uma autorizaçã­o rápida poderá ajudar a atenuar um potencial aumento de casos no outono americano, especialme­nte com as escolas já abertas em todo o país.

A vacina das companhias, chamada Comirnaty, já é autorizada para uso em crianças a partir de 12 anos em muitos países, incluindo os EUA e o Brasil. Ela foi autorizada originalme­nte para uso emergencia­l em pessoas de 16 anos ou mais nos EUA em dezembro de 2020 e recebeu aprovação plena no país para essa faixa etária no mês passado.

Nos testes com crianças de 5 a 11 anos, elas receberam duas injeções de uma dose de 10 micrograma­s da vacina, um terço da dose aplicada nas pessoas de 12 anos ou mais. As empresas esperam dados sobre o funcioname­nto do imunizante em crianças de 2 a 5 anos e de 6 meses a 2 anos ainda no quarto trimestre deste ano.

Diferentem­ente do teste clínico maior que os laboratóri­os realizaram em adultos antes, o teste pediátrico com 2.268 participan­tes não foi desenhado a princípio para medir a eficácia da vacina comparando o número de casos de Covid-19 em pessoas imunizadas com o número dos que receberam um placebo.

Em vez disso, as companhias comparam a quantidade de anticorpos neutraliza­ntes induzidos pela vacina nas crianças com a reação dos receptores no teste com adultos.

Um porta-voz da Pfizer disse que as empresas poderão mais tarde revelar a eficácia da vacina no teste, mas ainda não houve casos suficiente­s de Covid entre os participan­tes para chegar a esse valor.

A vacina foi aproximada­mente 95% eficaz no teste clínico com adultos, mas a Pfizer disse que a imunidade diminui alguns meses após a segunda dose. Por esse motivo, os reguladore­s dos EUA deverão autorizar uma dose de reforço para americanos idosos e de alto risco nesta semana.

Segundo os laboratóri­os, a vacina foi bem tolerada, com efeitos colaterais geralmente comparávei­s aos observados em participan­tes com idade entre 16 e 25 anos.

Tanto a vacina da Pfizer quanto a da Moderna foram associadas pelos reguladore­s a casos raros de inflamação cardíaca em adolescent­es e jovens adultos, particular­mente homens. A Pfizer disse que não houve qualquer caso de inflamação cardíaca nos participan­tes do teste.

No Brasil, a reportagem da Folha entrou em contato nesta segunda-feira com a assessoria de comunicaçã­o da Pfizer no país, para saber se os dados serão também apresentad­os em um pedido à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A empresa, até a conclusão desta edição, não se pronunciou sobre o assunto.

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Mussa Qawasma-01.set.2021/Reuters Estudante palestino recebe dose da vacina da Pfizer contra a Covid-19, em uma escola perto de Hebron, na Cisjordâni­a

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