‘A acessibilidade é necessária não só no lazer, mas em tudo’
Em 2001, levei um tiro em um sequestro-relâmpago que mudou a minha vida. Perdi o movimento das pernas, mas tive uma boa aceitação.
No centro de reabilitação, comecei a praticar tênis de mesa,oquemedeuumsuportemuitogrande.Vocêtemque ser forte, treinar e aprimorar suatécnicaparasercampeão. Trouxe um pouco disso para a minha vida, porque, no dia a dia, ela é uma competição.
Quando eu decido ir ao cinema, por exemplo: da minha saída até chegar ali são várias provações. Buracos na calçada, ônibus sem acessibilidade e, às vezes, uma sala de cinema que não tem espaço para a cadeira de rodas.
Eu quis resgatar aquilo que me dava alegria na vida. E uma das coisas era passear e viajar. Meus colegas com deficiência viam nas redes sociais o que eu estava fazendo e perguntavam: ‘Como você fez isso?’. Teve um pessoal que falou: ‘Por que você não trabalha com isso?’.
Na época, o turismo acessível era quase inexistente no Brasil, e eu precisava fazer alguma coisa. Vi que a bagagem que acumulei trabalhando com turismo acessível poderia ser mais bem aproveitada, porque acessibilidade é necessária não só no lazer, mas em tudo.
Como eu quis expandir minha atuação, deixei a marca Turismo Adaptado e agora a minha empresa leva meu nome, Ricardo Shimosakai. O propósito é ter um mundo mais equitativo. Porque o pessoal fala em igualdade, mas as pessoas são diferentes. A gente só precisa ter um mundo mais justo, que respeite as diferenças e que, dentro dessas diferenças, todo mundo possa ter sua oportunidade.