Para Dilma, China ‘representa luz contra decadência ocidental’
são paulo A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) deixou clara nesta segunda (22) sua admiração pelo modelo chinês de sociedade, que é controlado de forma ditatorial pelo Partido Comunista.
Para ela, o regime chinês contrasta com a decadência dos modelos ocidentais.
“A China representa uma luz nessa situação de absoluta decadência e escuridão que é atravessada pelas sociedades ocidentais”, disse a ex-presidente, durante debate do lançamento do livro “China, o Socialismo do Século 21” (editora Boitempo).
A obra, de Elias Jabbour (Uerj) e Alberto Gabriele (execonomista da Unctad, agência da ONU para comércio e desenvolvimento), analisa o modelo de desenvolvimento chinês, focando sobretudo o papel do Estado e do partido comunista no processo.
Para Dilma, todo o processo de transformação econômica do país asiático merece elogios. “Não se pode deixar de admirar um país que sai do feudalismo, do mais brutal controle colonialista, para se tornar a segunda maior economia do mundo e a primeira em paridade de poder de compra. E tudo indica que, até o final da década, poderemos ver a China se transformar na maior economia do mundo”,afirmou ela.
Participaram do debate os autores e Silvio Almeida, professor da Fundação Getulio Vargas e colunista da Folha.
A China é um regime de partido único, em que não há democracia ou respeito à liberdade de expressão, e que persegue minorias, como os uigures. Mas nada disso foi tema do debate, cheio de loas ao país asiático.
Ao contrário, Dilma disse que há preconceito e desinformação contra o PC Chinês. “Há toda uma gama de preconceito e sujeito oculto no caso do desenvolvimento da China, pelo menos da perspectiva dos países ocidentais. Temos que entender a relação entre o partido e os instrumentos de Estado da superação da pobreza.”
Sua fala vem na esteira de outros acenos do PT a regimes ditatoriais de esquerda. No último dia 10, um secretário do partido emitiu nota sobre a eleição na Nicarágua da qual o ditador Daniel Ortega saiu vencedor, chamando-a de “grande manifestação popular e democrática”. O pleito foi marcado por prisão de opositores e restrição a observadores e jornalistas independentes. O PT também não critica as ditaduras cubana e venezuelana.
Para Dilma, os chineses conseguiram construir um modelo alternativo ao Consenso de Washington, como ficou conhecido o conjunto de medidas de caráter liberal aplicadas desde os anos 1990.
Ela elogiou o fato de as autoridades locais regularem setores importantes da economia, o que, segundo a expresidente, teria o mérito de minimizar o risco de crises.