‘Vacinados ou mortos’, diz ministro alemão sobre avanço da Covid
Governo de Merkel destaca preocupação com inverno; holandês chama manifestantes antivacina de idiotas
berlim, amsterdã e viena | reuters e afp Com a explosão de novos casos de Covid-19 na Alemanha, cresceu no país a apreensão com a proximidade do inverno no hemisfério norte, quando as ocorrências de doenças respiratórias sobem tradicionalmente.
Em um apelo para que a população se vacine contra a doença, o ministro da Saúde, Jens Spahn, afirmou nesta segunda (22) que “provavelmente no final do inverno, como às vezes se diz com cinismo, quase todos estarão vacinados, curados ou mortos”.
Sua afirmação fez referência à regra que restringe a presença em espaços públicos fechados a pessoas vacinadas, curadas ou com teste negativo —o ministro substituiu o último termo por “mortos”. Na Alemanha, 70,4% da população tomou a primeira dose da vacina e 67,9% as duas doses, mas os números estão estagnados há semanas.
Registrando novos recordes diários de contaminação pela doença, a primeira-ministra Angela Merkel alertou para uma “situação dramática” e disse que o país precisará adotar medidas mais rígidas de restrição —em declarações que repercutiram muito mal nas bolsas europeias.
Em reunião nesta segunda com líderes do partido alemão CDU (União DemocrataCristã), do qual ela faz parte, Merkel teria dito, de acordo com dois participantes, que a situação é altamente dramática e que o que está em vigor agora não é suficiente para conter o agravamento.
Nesta segunda, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA alterou a classificação de risco para viagens de cidadãos americanos à Alemanha e à Dinamarca, por causa da onda de Covid.
Os dois países estão agora no nível 4, de risco muito alto, fazendo com que o órgão recomende evitar deslocamentos não essenciais até eles.
O aumento das restrições na vizinha Holanda provocou uma série de protestos com violência durante o último fim de semana, rechaçados pelo primeiro-ministro, Mark Rutte, nesta segunda.
“Isso foi pura violência disfarçada de protesto”, disse o político. “Há muita inquietação na sociedade porque temos enfrentado os problemas da Covid-19 há muito tempo. Mas nunca aceitarei idiotas usando violência pura só porque são infelizes.”
Mais de cem pessoas foram presas no fim de semana após protestos em diferentes cidades, porque se manifestavam contra a exigência de vacinação para frequentar estabelecimentos públicos. Alguns grupos de jovens atearam fogo a objetos e lançaram pedras contra os policiais, que chegaram a abrir fogo contra os manifestantes em Roterdã.
A associação holandesa de profissionais de saúde, V&VN, alertou que o país está se encaminhando para o pior cenário, com falta de leitos de UTI. Nesta segunda, as autoridades contabilizaram 23 mil novas infecções em 24 horas, o segundo maior número desde o início da pandemia.
A polícia e os manifestantes entraram em confronto também nas ruas de Bruxelas no domingo, com policiais disparando canhões de água e gás lacrimogêneo contra os manifestantes, que atiraram pedras e bombas de fumaça.
Em Viena, 40 mil pessoas foram às ruas contra as restrições impostas pela Áustria, que entraram em vigor nesta segunda —elas incluem o fechamento de cafés, restaurantes, bares, teatros e lojas não essenciais por dez dias e a limitação dos motivos pelos quais a população pode sair de casa nesse período. Foi o primeiro lockdown entre países na União Europeia desde que começou a campanha de vacinação contra a Covid.
O governo austríaco também anunciou que tornará obrigatória a vacinação a partir de 1º de fevereiro, em meio à desconfiança de parcela da população quanto aos imunizantes, visão encorajada pelo Partido da Liberdade, de extrema direita, que é o terceiro maior no Parlamento.
“É como uma prisão de luxo. Definitivamente, a liberdade é limitada e, para mim, não é muito bom psicologicamente”, declarou à agência Reuters Sascha Iamkovyi, 43, um empresário que trabalha no setor de alimentos, descrevendo seu retorno ao confinamento. “Havia sido prometido às pessoas que, se se vacinassem, poderiam levar vida normal, mas não é verdade.”
Cerca de um terço dos austríacos não foram vacinados, uma das taxas mais altas da Europa Ocidental.
“Provavelmente no final do inverno, como às vezes se diz com cinismo, quase todos estarão vacinados, curados ou mortos Jens Spahn ministro da Saúde da Alemanha