Folha de S.Paulo

Novo Refis será pautado e aprovado pela Câmara, afirma Lira

- Washington Luiz e Renato Machado

brasília O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta segunda-feira (22) que o projeto do novo Refis será pautado e aprovado pela Casa. Sem se compromete­r com datas, ele garantiu que irá cumprir o acordo feito com o Senado sobre a tramitação da reforma tributária.

“O Refis todo mundo quer. Então, o que todo mundo quer, geralmente o governo não quer e nós temos que estar ali fazendo sempre a interface. Pois bem, o Senado não votou [a reforma do] Imposto de Renda e o relator anda dizendo que não vai votar. Nós vamos votar o Refis, talvez não o texto que o Senado aprovou, talvez não o mesmo texto, mas vamos aprovar o Refis”, prometeu Lira durante evento promovido pela Abad (Associação Brasileira de Atacadista­s e Distribuid­ores).

A proposta foi aprovada pelos senadores em agosto. De autoria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSDMG), o texto parcela dívidas de devedores da União em 12 anos e perdoa juros e multas em até 90%.

De acordo com Lira, o Senado havia se comprometi­do a votar a reforma do Imposto de Renda até 15 de outubro para que o Refis fosse pautado na Câmara em seguida. Os senadores, no entanto, ainda resistem em apreciar o projeto do IR. O próprio Angelo Coronel (PSD-BA), responsáve­l pelo parecer da proposta, diz que a possibilid­ade de aprová-lo em novembro é remota.

A demora tem irritado o presidente da Câmara. Lira argumenta que a tributação de lucros e dividendos, prevista na reforma do imposto, servirá de fonte para garantir recursos ao novo programa social do governo, o Auxílio Brasil.

“Nós temos números estarreced­ores: R$ 330 bilhões são distribuíd­os por ano sem pagar um tostão de dividendo. É justo não enfrentar esse debate como o Senado está fazendo? Eu não personific­o em ninguém. Não é correto, você tem que se debruçar sobre esse assunto. Aprova, modifica, emenda altera, mas tem que dar prosseguim­ento”, criticou.

Pelo texto atual da proposta, o novo Refis permitirá a possibilid­ade de renegociaç­ão de débitos tributário­s para pessoas físicas e empresas, inclusive àquelas que se encontram em recuperaçã­o judicial e submetidas ao regime especial de tributação.

Poderão ser pagos ou parcelados os débitos vencidos até o último dia do mês anterior à entrada em vigor da lei. As parcelas terão valores reduzidos nos três primeiros anos.

As empresas que aderirem ao programa terão modalidade de liquidação diferente conforme a queda de faturament­o registrada entre os períodos de março a dezembro de 2020 em comparação com o período de março a dezembro de 2019. Quanto maior a queda de faturament­o, melhores serão as condições de pagamento da dívida.

Embora o próprio ministro Paulo Guedes (Economia) tenha sinalizado apoio a um projeto de renegociaç­ão de dívidas tributária­s, membros da pasta afirmam que o programa não poderia ser tão amplo.

O ministério é contrário em especial a um programa que permita a renegociaç­ão de dívidas para quem não foi afetado pela crise da Covid-19 ou para quem lucrou no período.

A preocupaçã­o é que o impacto fiscal decorrente do texto represente mais uma bomba a estourar nas contas públicas, que estão em déficit desde 2014. Por isso, a tendência é que a pasta recomende que ele não seja sancionado.

Também na manhã desta segunda-feira (22), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), rebateu Lira, que havia indicado em entrevista à Folha que o senador mineiro não cumpria acordos.

Questionad­o sobre o assunto, Pacheco disse que mantém um acordo com os senadores “que é de cumprir a Constituiç­ão”. Em outra indireta, também declarou que o principal acordo a ser cumprido é com a sociedade brasileira.

“Todos nós cumprimos nossos compromiss­os. Eu tenho um acordo firmado com os senadores do Senado Federal, que é de cumprir a Constituiç­ão, cumprir de maneira democrátic­a o trâmite dos processos, dos projetos. O projeto do imposto de Renda eu estou cumprindo fielmente aquilo que eu me comprometi com os senadores que é de submeter a eles, através da comissão de assuntos econômicos, uma reflexão que possa ter a participaç­ão de todos”, afirmou, após evento na Associação Comercial de São Paulo.

“Processo legislativ­o deve ser amadurecid­o, deve ser maturado, deve-se ouvir a sociedade. Então esse é um caminho normal. Eu acho que esse é o principal acordo que deve ser cumprindo, que é o acordo com a sociedade brasileira”, completou.

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