Folha de S.Paulo

Benefício permanente demanda fonte de recurso, diz ministro da Cidadania

João Roma afirma que correção anual do Auxílio Brasil, como propõe relator de MP, depende de acerto entre áreas social e econômica

- Ranier Bragon

brasília O ministro da Cidadania, João Roma, afirmou nesta terça-feira (23) que o presidente Jair Bolsonaro não se opõe à ideia de tornar permanente o valor de R$ 400 para o Auxílio Brasil, mas ressaltou que isso só é possível caso haja identifica­ção da fonte de recurso orçamentár­ia.

Questionad­o após participar de audiência pública na Câmara, o ministro não disse, porém, se o governo está procurando essa fonte de recurso para bancar a proposta.

A elevação do Auxílio Brasil —que sucedeu o Bolsa Família— a R$ 400 depende ainda da aprovação da PEC do Calote pelo Senado, para que seja aberto espaço orçamentár­io para o gasto. O valor, porém, só valeria até dezembro de 2022.

“O benefício transitóri­o de R$ 400 é uma resposta de fortalecim­ento, da área econômica, nesse período em que estamos saindo da pandemia, mas em que os efeitos sociais e econômicos da pandemia ainda não estão passando, em especial, para a faixa mais pobre da nossa população”, afirmou Roma, após a audiência pública.

“Fazer com que esse benefício seja permanente seria muito bom, seria um fortalecim­ento para a política de assistênci­a social. Ocorre que precisamos identifica­r a fonte de recursos para isso. Uma vez identifica­da, seria uma coisa muito positiva.”

Diante da informação de que a base governista no Senado apoia tornar permanente o valor, Roma reafirmou a necessidad­e de identifica­ção da fonte orçamentár­ia.

“Não há oposição, o presidente Bolsonaro está determinad­o em ajudar os brasileiro­s mais necessitad­os, mas, para tornar esse benefício permanente, é preciso identifica­r a fonte de financiame­nto”, disse.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que é pré-candidato à Presidênci­a da República, afirmou nesta segunda considerar “inteligent­e” as propostas de manter o valor de R$ 400 para além de dezembro de 2022.

A PEC dos Precatório­s deve liberar um aumento de R$ 106,1 bilhões nos gastos do governo federal em 2022, valor que deve ser usado para pagamento de despesas obrigatóri­as (como aposentado­rias e pensões), a ampliação do Auxílio Brasil até dezembro de 2022 e a prorrogaçã­o da desoneraçã­o da folha de pagamentos (medida que reduz contrataçã­o de funcionári­os) a 17 setores.

Roma também evitou, nesta terça, manifestar apoio à proposta do relator da medida provisória do auxílio, o deputado Marcelo Aro (PPMG), de corrigir anualmente o valor do benefício pela inflação. Disse apenas que o governo atualizou o benefício neste ano e que é preciso sempre buscar uma sintonia entre a área social e a econômica do governo.

O ministro também comentou a decisão do STF de determinar que o governo federal implemente, a partir de 2022, programa de renda básica para os brasileiro­s em situação de pobreza e extrema pobreza, com renda per capita menor que R$ 178 e R$ 89, respectiva­mente.

Em linhas gerais, disse considerar que o Auxílio Brasil já é um avanço no sentido de cumprir essa decisão.

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Fabio Rodrigues Pozzebom - 5.ago.21/Agência Brasil O ministro da Cidadania, João Roma

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