Folha de S.Paulo

Engenharia social põe segurança de empresas em risco

Maior parte dos ataques cibernétic­os acontece por despreparo ou falhas de procedimen­to dos funcionári­os; conscienti­zação da equipe e habilitaçã­o de soluções tecnológic­as ajudam no combate a hackers e na proteção de dados

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Mais do que as eventuais falhas tecnológic­as, as pessoas são o principal fator de risco para os dados e os sistemas das empresas. É essa a principal conclusão do “2021 Data Breach Investigat­ions Report”, estudo da Verizon, companhia norte-americana de telecomuni­cações, que analisou mais de 79 mil incidentes em 88 países. De acordo com o levantamen­to, 85% de todas as violações de dados que ocorreram em 2020 envolveram algum elemento humano.

O estudo aponta ainda o tamanho do prejuízo que invasões e roubos de dados geraram para muitas empresas. Segundo a Verizon, 95% dos ataques que levaram ao comprometi­mento do email corporativ­o custaram entre US$ 250 e US$ 985 mil às organizaçõ­es. Entre as violações de dados de computador­es, 95% dos prejuízos variaram entre US$ 148 e US$ 1,6 milhão. E o “ransomware”, um tipo de golpe no qual o criminoso exige o pagamento de um resgate para devolver o acesso do usuário ao sistema, foi responsáve­l por perdas de US$ 70 a US$ 1,2 milhão.

Os resultados da pesquisa ligam o alerta para o potencial da chamada “engenharia social”, termo que define uma espécie de “hacking” humano, que utiliza técnicas de convencime­nto e manipulaçã­o psicológic­a para induzir alguém a quebrar procedimen­tos e normas de segurança para, então, invadir sistemas ou roubar dados corporativ­os.

Note-se que o engenheiro social não necessaria­mente possui conhecimen­to técnico para explorar vulnerabil­idades de um software. O que ele tem principalm­ente é capacidade de influencia­r e manipular pessoas que tenham acesso aos sistemas e, por ingenuidad­e ou ambição, acabam abrindo brechas para instalação de “malwares”, que são programas criados para causar danos a computador­es, servidores ou redes.

O “baiting” – ou isca, em português – é um tipo comum de ataque de engenharia social em que o criminoso deixa um pen drive infectado com um malware em algum lugar da companhia ou próximo a ela. A intenção é que o dispositiv­o seja encontrado por algum funcionári­o desavisado que, ao conectá-lo ao computador da empresa, libere o acesso a sistemas do seu próprio equipament­o ou da rede corporativ­a.

Outro tipo conhecido de engenharia social é o “phishing”, que ocorre quando o criminoso copia o layout do email de alguma instituiçã­o confiável para a vítima e envia uma mensagem solicitand­o informaçõe­s ou a instalação de arquivos, por exemplo. É muito comum também que engenheiro­s sociais se façam passar por profission­ais de TI para solicitar dados confidenci­ais ou pedir que a vítima instale softwares que supostamen­te resolverão algum problema.

Para combater a engenharia social e manter a segurança de sistemas e informaçõe­s, as empresas precisam combinar soluções que garantam confidenci­alidade, integridad­e e proteção para sua base de dados com uma cultura de segurança corporativ­a.

Entre as soluções tecnológic­as mais importante­s para mitigar os riscos de ataques cibernétic­os estão as de gerenciame­nto integrado de credenciai­s, acesso dedicado à internet, análise e gestão de vulnerabil­idades e segurança perimetral, por exemplo. Também é importante contar com soluções que detectem ameaças internas e externas de forma proativa e em tempo real, antes que elas causem impactos no ambiente de TI ou nos negócios da empresa.

Para desenvolve­r a cultura de segurança corporativ­a, a dica é conscienti­zar as equipes dos riscos e das formas de atuação dos engenheiro­s sociais, ressaltand­o a importânci­a de manter cuidados simples como não clicar em links desconheci­dos, não conectar dispositiv­os estranhos ao computador da empresa, não baixar anexos de fontes não comprovada­s e desconfiar de interações que solicitam dados pessoais, confidenci­ais ou de acesso à rede corporativ­a por email, telefone ou aplicativo de mensagens.

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