Robert Plant, do Led Zeppelin, vai ao country em ‘Raise the Roof ’
são paulo A improvável dupla formada por Robert Plant, ex-vocalista do Led Zeppelin, e a cantora de bluegrass e country Alison Krauss volta a render frutos. Eles lançaram “Raise the Roof”, seu segundo álbum colaborativo, seguindo a trilha já aberta pelo primeiro em 2007, “Raising Sand”.
“Raise the Roof” foi gravado no mesmo local, Nashville, com o mesmo produtor, T Bone Burnett, e com a mesma receita. Canções delicadas, climáticas, com instrumentos mais acústicos e vocais que se completam, apesar do aparente oceano de distância entre a coleção de discos que cada um tem em casa.
“Não acho que trabalhamos com gêneros diferentes”, diz Plant a este repórter. “No fim das contas não é sobre gêneros porque isso saiu de dentrodenós.Estamosapenas pondo nossos olhares e transformando as canções para o jeito que gostamos, não importa de onde elas vêm.”
“A música inglesa sempre influenciou a americana e vice-versa, e continua sendo assim”, arremata Krauss, presente na mesma teleconferência. “Aqui estamos juntos em Nashville, finalmente juntos.”
O country de salão está presente em “Can’t Let Go”, enquanto um folk mais contemplativo dá as caras em “Don’t Bother Me”. A única inédita é “High and Lonesome”, uma colaboração assinada por Plant e pelo produtor Burnett.
“Se tivéssemos mais tempo, poderíamos fazer muito mais. Mas eu tinha um problema com o tempo, em voltar para Londres”, afirma Plant.
Ele se refere ao fato de o disco ter sido gravado em dezembro de 2019 e fevereiro de 2020 e interrompido pela pandemia. “Foram cinco semanas no total?”, ele se pergunta. “Nós não sabemos! Nós não sabemos! Nós estamos como os Ramones [cantarola], ‘we don’t know, we don’t know’.”
Teria ele pensado em cantar algo dos Ramones? “Sim, é algo que faço para praticar sozinho no chuveiro, aquele sentimento dos Ramones.”
Alison Krauss repõe a conversa nos trilhos. “O disco não estava terminado. Ainda havia overdubs [instrumentos ou vozes adicionados depois, como um solo] a serem feitos. Robert fez em Londres e eu aqui, e depois mixamos.”
Apesar das semelhanças, os artistas não veem “Raise the Roof” como uma reles continuação de “Raising Sand”.
“É muito tempo [14 anos] para dizermos que é uma continuação daquele álbum, ou um retorno da dupla”, diz Plant. “Apenas encontramos tempo para apostar e ver se tínhamos ainda algum tipo de fogo para esse trabalho. Obviamente são outros tempos, mas música é infinita e há tantos pedaços de música que ainda estão para nascer.”
Krauss é mais assertiva. “Não queríamos fazer uma repetição. Quisemos que o segundo discotivessesuaprópriaidentidade.Masnãoeracomoseestivéssemos começando do zero.”
Uma turnê pelos Estados Unidos e pela Inglaterra está sendo planejada. É possível que ela chegue ao Brasil?
“Eu acho que nos divertiríamos muito aí”, diz Plant. “Teríamos que tocar em lugares adequados a esse tipo de música, o que seria fantástico, porque ‘a galera’ [diz em português] é muito forte aí. Mas antes temos que tentar reduzir a quantidade de doença potencial. Então não podemos sair circulando.”
E, se isso acontecer, os fãs de Led Zeppelin não sairão de ouvidos abanando. Na turnê de “Raising Sand”, a dupla cantou clássicos da banda. “Sim, se Alison quiser, eu farei”, diz Plant. “Ela faz um ótimo trabalho.”
Raise the Roof
Artistas: Robert Plant e Alison Krauss. Gravadora: Rhino Entertainment. Disponível nas plataformas digitais