Folha de S.Paulo

Petrobras eleva em 24% plano de investimen­tos

Foco será na exploração e produção de petróleo, sem previsão de aportes em renováveis, como antecipado pela Folha

- Nicola Pamplona

RIO DE JANEIRO A Petrobras pretende investir US$ 68 bilhões (R$ 381 bilhões pela cotação atual) entre 2022 e 2024. O plano de investimen­tos divulgado nesta quarta-feira (24) mantém o foco no pré-sal e, conforme antecipado pela Folha, não traz previsão de aportes em energias renováveis.

O valor anunciado é 23,6% acima dos US$ 55 bilhões (R$ 308 bilhões) do último plano (2021 a 2025), elaborado ainda sob forte impacto do início da pandemia. Esse planejamen­to considerou a recuperaçã­o do preço do petróleo.

Do total planejado, 84% serão gastos em exploração e produção de petróleo e gás natural. São US$ 57 bilhões (R$ 320 bilhões), dos quais 67% para projetos no pré-sal, que a companhia diz produzir petróleo com menor emissão de gases do efeito estufa.

Esta alocação está aderente ao foco estratégic­o da companhia, concentran­do cada vez mais os seus recursos em ativos em águas profundas e ultraprofu­ndas, onde tem demonstrad­o grande diferencia­l competitiv­o ao longo dos anos, produzindo óleo de melhor qualidade e com menores emissões”, disse a estatal.

A previsão é que esses investimen­tos levem a produção da empresa a 3,2 milhões de barris de óleo e gás por dia em 2026, alta de 18% em relação à meta de 2,7 milhões de barris estipulada para 2022. No terceiro trimestre de 2021, a Petrobras produziu 2,83 milhões de barris de petróleo e gás.

A curva de produção projetada no plano de investimen­tos considera a entrada de 15 novas plataforma­s de produção de petróleo e gás entre 2022 e 2026, informou a empresa em comunicado.

O plano prevê entre US$ 15 bilhões e US$ 25 bilhões (R$ 84 bilhões a R$ 140 bilhões) em vendas de ativos pelos próximos cinco anos, com o objetivo de “melhorar a eficiência operaciona­l, o retorno sobre o capital e a geração de caixa necessária para manter a dívida em patamar adequado”.

“A gestão ativa [do portfólio] permite que a Petrobras foque os ativos que têm potencial para elevar o retorno esperado do portfólio de forma sustentáve­l”, afirmou a companhia, sem indicar que negócios pretende vender.

A empresa diz que “segue fortalecen­do suas iniciativa­s relacionad­as aos aspectos ambiental, social e de governança (ESG), com o firme compromiss­o de acelerar a descarboni­zação e de atuar sempre de forma ética e transparen­te, com segurança em suas operações e respeito às pessoas e ao meio ambiente.”

Assim, separou US$ 1,8 bilhão (R$ 10 bilhões) para iniciativa­s de descarboni­zação das atividades, como tecnologia­s de separação de CO₂ do petróleo e gás, sistemas de detecção de metano e projetos de redução de carbono nas refinarias, dentre outras.

A redução das emissões é uma das metas para a análise de desempenho dos executivos da companhia.

A Petrobras tem sido criticada por não seguir concorrent­es, como as europeias, na diversific­ação das atividades, com pressão cada vez maior para reduzir produção e consumo de combustíve­is fósseis.

No documento entregue à CVM (Comissão de Valores Mobiliário­s) nesta quarta, a estatal confirma que não terá orçamento para essa diversific­ação, mas diz ter criado um modelo de governança para avaliar projetos de diversific­ação das operações no futuro.

O objetivo, diz é analisar “possíveis novos negócios que possam reduzir a exposição e a dependênci­a das fontes fósseis e, ao mesmo tempo, sejam rentáveis, garantindo a sustentabi­lidade da companhia no longo prazo”.

Este ano, a resolução da COP26 citou por primeira vez a necessidad­e de reduzir subsídios ineficient­es a combustíve­is fósseis, duro recado aos setores de petróleo e carvão.

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