Petrobras eleva em 24% plano de investimentos
Foco será na exploração e produção de petróleo, sem previsão de aportes em renováveis, como antecipado pela Folha
RIO DE JANEIRO A Petrobras pretende investir US$ 68 bilhões (R$ 381 bilhões pela cotação atual) entre 2022 e 2024. O plano de investimentos divulgado nesta quarta-feira (24) mantém o foco no pré-sal e, conforme antecipado pela Folha, não traz previsão de aportes em energias renováveis.
O valor anunciado é 23,6% acima dos US$ 55 bilhões (R$ 308 bilhões) do último plano (2021 a 2025), elaborado ainda sob forte impacto do início da pandemia. Esse planejamento considerou a recuperação do preço do petróleo.
Do total planejado, 84% serão gastos em exploração e produção de petróleo e gás natural. São US$ 57 bilhões (R$ 320 bilhões), dos quais 67% para projetos no pré-sal, que a companhia diz produzir petróleo com menor emissão de gases do efeito estufa.
Esta alocação está aderente ao foco estratégico da companhia, concentrando cada vez mais os seus recursos em ativos em águas profundas e ultraprofundas, onde tem demonstrado grande diferencial competitivo ao longo dos anos, produzindo óleo de melhor qualidade e com menores emissões”, disse a estatal.
A previsão é que esses investimentos levem a produção da empresa a 3,2 milhões de barris de óleo e gás por dia em 2026, alta de 18% em relação à meta de 2,7 milhões de barris estipulada para 2022. No terceiro trimestre de 2021, a Petrobras produziu 2,83 milhões de barris de petróleo e gás.
A curva de produção projetada no plano de investimentos considera a entrada de 15 novas plataformas de produção de petróleo e gás entre 2022 e 2026, informou a empresa em comunicado.
O plano prevê entre US$ 15 bilhões e US$ 25 bilhões (R$ 84 bilhões a R$ 140 bilhões) em vendas de ativos pelos próximos cinco anos, com o objetivo de “melhorar a eficiência operacional, o retorno sobre o capital e a geração de caixa necessária para manter a dívida em patamar adequado”.
“A gestão ativa [do portfólio] permite que a Petrobras foque os ativos que têm potencial para elevar o retorno esperado do portfólio de forma sustentável”, afirmou a companhia, sem indicar que negócios pretende vender.
A empresa diz que “segue fortalecendo suas iniciativas relacionadas aos aspectos ambiental, social e de governança (ESG), com o firme compromisso de acelerar a descarbonização e de atuar sempre de forma ética e transparente, com segurança em suas operações e respeito às pessoas e ao meio ambiente.”
Assim, separou US$ 1,8 bilhão (R$ 10 bilhões) para iniciativas de descarbonização das atividades, como tecnologias de separação de CO₂ do petróleo e gás, sistemas de detecção de metano e projetos de redução de carbono nas refinarias, dentre outras.
A redução das emissões é uma das metas para a análise de desempenho dos executivos da companhia.
A Petrobras tem sido criticada por não seguir concorrentes, como as europeias, na diversificação das atividades, com pressão cada vez maior para reduzir produção e consumo de combustíveis fósseis.
No documento entregue à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) nesta quarta, a estatal confirma que não terá orçamento para essa diversificação, mas diz ter criado um modelo de governança para avaliar projetos de diversificação das operações no futuro.
O objetivo, diz é analisar “possíveis novos negócios que possam reduzir a exposição e a dependência das fontes fósseis e, ao mesmo tempo, sejam rentáveis, garantindo a sustentabilidade da companhia no longo prazo”.
Este ano, a resolução da COP26 citou por primeira vez a necessidade de reduzir subsídios ineficientes a combustíveis fósseis, duro recado aos setores de petróleo e carvão.