Presidente sugere questão pró-ditadura e critica exame
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a criticar nesta quarta-feira (24) a edição atual da prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e disse que, se pudesse, incluiria pergunta pró-ditadura militar (19641985) na avaliação.
“Se eu pudesse interferir, pode ter certeza a prova estaria marcada para sempre com questões objetivas, não com questões ideológicas, como ainda vimos nessa prova”, disse o presidente durante evento sobre escolas cívico-militares, no Palácio do Planalto.
Bolsonaro é defensor da ditadura militar, bajula o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, um dos principais símbolos da repressão e da tortura do período, e propôs que o Enem tratasse o golpe militar de 1964 como uma revolução, como revelou a Folha.
No evento, o presidente não confirmou nem negou que tentou interferir na prova deste ano, mas disse tem o desejo de inserir pergunta sobre o tema. “Na imprensa saiu que eu queria botar matéria da ditadura militar. Não vou discutir se foi ou não foi ditadura, mas eu queria botar sim, uma questão”, disse o presidente.
Na sequência, ele afirmou que a pergunta seria sobre a escolha de Castello Branco à Presidência, em abril de 1964, pelo Congresso, sugerindo que a eleição ocorreu dentro da normalidade.
Bolsonaro já defendeu esta versão em outras ocasiões, mas ignora que antes do pleito indireto houve um golpe e diversos parlamentares foram cassados. O militar ainda era candidato único ao cargo.
“O que eu quero com isso não é discutir o período militar, é começar a história do zero”, disse Bolsonaro. “Isso a garotada tem de saber”, disse.
Na terça-feira (23), Bolsonaro minimizou a censura à imprensa durante o governo militar e disse que são mais graves as ações recentes do Tribunal Superior Eleitoral contra críticos da urna eletrônica.