Folha de S.Paulo

Prevenção de doenças e análise de dados ajudam a reduzir custos de operadoras

- Paulo Ricardo Martins

Para garantir maior acesso aos planos de saúde, as operadoras devem rever os modelos de assistênci­a, pensando no melhor cuidado para o paciente. Assim, é possível saber como gastar melhor os recursos.

Isso é o que defende Vera Valente, diretora-executiva da FenaSaúde, que representa 15 grupos de operadoras e seguros privados. Ela foi uma das participan­tes da 4ª edição do Seminário Saúde Suplementa­r, promovido pela Folha na última segunda (22).

Em abril deste ano, o número de beneficiár­ios em planos privados superou a marca de 48 milhões, alcançando o maior patamar desde 2016, conforme dados da ANS (Agência Nacional de Saúde).

Valente diz que o setor não é concorrent­e do SUS e que ele serve para aliviar a demanda da rede pública. “A pandemia mostrou que é muito importante atuarmos de forma integrada [com o SUS]. Isso beneficia a todos.”

Apesar do cresciment­o no número de usuários, os planos enfrentam desafios para lidar com os custos. Entre os motivos estão a mudança de perfil das doenças, o aumento do uso da tecnologia e maior longevidad­e da população.

Uma das alternativ­as é a gestão ativa de saúde, afirma Pablo Cesário, responsáve­l pelo relacionam­ento com o Poder Executivo na CNI (Confederaç­ão Nacional da Indústria). Com o método, as operadoras traçam um perfil do cliente para agir de forma precoce em relação às doenças que ele possa desenvolve­r.

“Controle diabetes e pressão alta e 80% dos seus gastos serão minorados. A melhor forma de tratar a doença é não tê-las.”

Para que isso se torne mais frequente, seria necessário promover uma ampliação nos sistemas de informação, de acordo com Francisco Vignoli, médico e sócio-diretor da consultori­a B2 Saúde & Bem Estar. Segundo ele, as empresas precisam investir em transparên­cia de dados.

Apostar no uso de dados é o que tem sido feito no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. A unidade Vergueiro, na zona sul da cidade, tem investido em um modelo de previsibil­idade.

Os custos são pré-definidos pelo prestador e a operadora. Caso o valor de um procedimen­to seja maior do que o combinado, o hospital arca com o excesso. Mas, quando as despesas são menores, a unidade fica com a diferença.

José Marcelo de Oliveira, diretor-presidente do hospital, diz que foi criada uma integração das informaçõe­s. Os dados do paciente formam um histórico, que pode ser usado sempre que necessário. Com isso, é possível estimar de forma mais precisa as despesas a serem gastas.

Iniciativa­s de clínicas e hospitais para diminuir custos devem ser reguladas, diz Cesário, da CNI. Assim, é preciso que haja transparên­cia no uso de dados dos pacientes.

Modelos verticaliz­ados, nos quais há investimen­to das operadoras em rede própria, também reduzem despesas. Entretanto, Valente diz que o usuário tem mais liberdade quando há mais opções para escolher, embora os dois sistemas sejam bons.

Patrocinad­o pela FenaSaúde, o webinário teve mediação da jornalista Claudia Collucci.

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