Folha de S.Paulo

SP decide manter máscaras, e capital suspende Réveillon

Em Nova York com Doria, prefeito Ricardo Nunes diz ser cedo para tomar decisão sobre Carnaval

- Fábio Pescarini e Igor Gielow O jornalista Igor Gielow viaja a convite da InvestSP

Com o surgimento da variante ômicron, o governo João Doria (PSDB) decidiu manter obrigatóri­o o uso de máscaras em espaços abertos no estado. A gestão previa flexibiliz­ar a utilização do equipament­o de proteção no dia 11 deste mês.

A mesma medida foi tomada pela prefeitura da capital, que ainda cancelou o Réveillon na avenida Paulista. O Carnaval na cidade permanece incerto. “Vamos tomar essa decisão mais para a frente”, declarou Ricardo Nunes (MDB).

Com o surgimento da variante ômicron, o governo paulista decidiu manter obrigatóri­o o uso de máscaras em espaços abertos no estado. A mesma decisão foi tomada pela Prefeitura de São Paulo, que decidiu ainda cancelar o Réveillon na avenida Paulista —o futuro do Carnaval na cidade segue incerto.

O anúncio sobre o cancelamen­to da flexibiliz­ação da utilização de máscaras ocorreu na manhã desta quinta-feira (2). O governador João Doria (PSDB) suspendeu a medida, que entraria em vigor no próximo dia 11, a pedido do Comitê Científico.

O comitê fez a recomendaç­ão devido à confirmaçã­o no estado de três casos de pessoas infectadas com a nova cepa. Para o grupo, há incertezas sobre o impacto da variante em uma época em que Natal e Réveillon causam aglomeraçõ­es.

A capital também continuará exigindo o uso de máscaras em espaços abertos. Além disso, desistiu do Réveillon na avenida Paulista, no centro. As medidas foram recomendad­as pela Vigilância Sanitária, que elaborou um estudo com indicadore­s epidemioló­gicos e assistenci­ais.

A conclusão do estudo estava prevista para ser entregue no próximo domingo (5), mas foi antecipada para a Secretaria Municipal da Saúde na noite de quarta (1º).

“Embora todos os dados do município sejam positivos, mas o surgimento da variante [ômicron] e também o mês de dezembro com o comércio popular, foi indicado a manutenção do uso das máscaras e o cancelamen­to do Réveillon”, afirmou Edson Aparecido, titular da pasta.

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou que as decisões não ocorreram por que “houve algo grave”.

“O momento atual é de cautela”, afirmou em Nova York, onde acompanha uma missão empresaria­l liderada pelo governador Doria.

“O que pesou foi a nova variante. Lembro que, quando houve a variante delta, fizemos barreiras sanitárias, e tínhamos alta cobertura vacinal. Nossa expectativ­a é que isso ocorra, mas o momento atual é de cautela, e a Secretaria de Saúde seguirá monitorand­o a situação”, disse.

Nunes voltou a dizer que todas as suas decisões serão baseadas na Vigilância Sanitária, e não em pressões políticas ou econômicas.

Doria (PSDB), que também está em Nova York, defendeu

na quarta que as cidades do estado suspendam as festas de Réveillon para combater o eventual contágio com a nova cepa.

No mesmo dia, o secretário estadual de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchtey­n, afirmou que as cidades devem levar em consideraç­ão a confirmaçã­o de casos da variante ômicron, ao ser questionad­o se o governo recomendar­ia aos municípios o cancelamen­to das festas.

Gorinchtey­n alertou, ainda, para os riscos gerados pelas reuniões familiares de fim de ano, em que as pessoas devem estar mais encorajada­s para celebraçõe­s que não promoveram em 2020.

“E com isso passa a haver um risco muito maior, porque vão se aglomerar comemorar, beber, beijar, abraçar, gritar e cantar”, disse o secretário. “Esse é um cenário de risco que as pessoas precisam lembrar, e o uso de máscaras deve ser premente”, afirmou.

Nesta quinta, Nunes afirmou que ainda está cedo para decidir sobre o Carnaval. “Vamos tomar essa decisão mais para a frente”, disse. No fim deste mês, a Vigilância Sanitária fará novo relatório acerca do impacto da ômicron.

“Não podemos tirar o aspecto econômico, de geração de empregos, do Carnaval. Ele é muito importante. Vidas vêm na frente, mas precisamos saber”, afirmou. “Não existe necessidad­e de cancelar o Carnaval porque ainda não temos dados”, acrescento­u, afirmando que os contratos relativos ao evento preveem o cancelamen­to por motivos sanitários.

Isso ocorrerá agora em relação à festa na Paulista, que previa reunir 1 milhão de pessoas. Segundo Nunes, não haverá prejuízos contratuai­s, mas sim de perda de receita. “Só a Fórmula 1, para cada real investido, tivemos cinco de retorno. Ela girou R$ 1 bilhão.”

Nunes insistiu que o governo federal precisa aumentar o controle em aeroportos, exigindo esquema vacinal completo de turistas.

Sobre o passaporte vacinal, que em São Paulo é exigido apenas para eventos de maior porte, Nunes afirmou que nada muda até aqui. Mas disse que não pode descartar um endurecime­nto das regras caso haja um agravament­o da situação.

“Se a Secretaria da Saúde identifica­r a necessidad­e, vamos fazer. Vamos fazer as coisas de forma paulatina, como acertamos no caso [do combate] da variante delta”, afirmou. Na quarta, havia 95 pessoas em UTIs de Covid-19 em São Paulo.

Nunes disse ter se inspirado nas barracas e vans de teste gratuito de Covid-19, que se multiplica­m pelas esquinas de Nova York. “Vamos estudar a viabilidad­e disso”, afirmou.

A testagem na cidade americana é feita por diversos laboratóri­os, organizado­s pela prefeitura local.

A existência da nova cepa foi reportada à OMS (Organizaçã­o Mundial da Saúde) no último dia 24 após o surgimento de casos na África do Sul. Desde então, houve a confirmaçã­o de infecções provocadas pela ômicron nos cinco continente­s.

“Dadas as mutações que poderiam conferir a capacidade de escapar de uma resposta imune, e dar-lhe uma vantagem em termos de transmissi­bilidade, a probabilid­ade de que a ômicron se propague pelo mundo é elevada”, afirmou a entidade no último dia 29.

No mesmo dia, ministros da Saúde de países do G7 alertaram que a variante requer ação urgente. “A comunidade internacio­nal enfrenta a ameaça de uma nova variante altamente transmissí­vel da Covid-19, que requer ação urgente”, disseram os ministros em um comunicado conjunto.

“Não podemos tirar o aspecto econômico, de geração de empregos, do Carnaval. Ele é muito importante. Vidas vêm na frente, mas precisamos saber. [...] Não existe necessidad­e de cancelar o Carnaval porque ainda não temos dados

Ricardo Nunes prefeito de São Paulo

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Eduardo Knapp - 24.ago.21/Folhapress Pedestres usam máscaras na avenida Paulista, na região central de São Paulo

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