Alemanha impõe lockdown para não vacinados em meio a alta de Covid-19
Maior economia da Europa registrou recorde de mortes pela doença e teme impactos da ômicron
A Alemanha anunciou nesta quinta-feira (2) um lockdown parcial, com novas restrições a cidadãos não vacinados contra a Covid, para tentar conter o aumento dos casos da doença no país, que registrou nesta quarta-feira (1º) o maior número de mortes por coronavírus nos últimos nove meses.
Aqueles que não receberam as doses do imunizante serão impedidos de acessar quase todos os estabelecimentos, exceto supermercados e farmácias, locais considerados essenciais, informou a primeira-ministra, Angela Merkel.
Testes adicionais também serão ofertados a cidadãos que já foram totalmente imunizados contra o coronavírus.
A líder da maior economia europeia também afirmou nesta quinta que a vacinação obrigatória poderia ser definida pelo país a partir de fevereiro, caso aprovado pelo Bundestag, o Parlamento alemão.
O comentário vem um dia após a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, especular medida semelhante para todo o bloco europeu—embora regras de saúde pública nos países-membros sejam decididas pelos governos nacionais.
A Áustria, por exemplo, pretende tornar compulsória a vacina anti-Covid a partir de fevereiro. Nesta terça-feira (30), o país estendeu por mais dez dias o lockdown geral imposto para conter o surto de Covid-19. Assim, o período total da restrição será de 20 dias, o que o governo já disse ser o prazo máximo que irá durar.
A primeira-ministra alemã, que se despediu do cargo nesta quinta, voltou a destacar que a situação da Covid no país é muito séria, com aumento do número de casos, índice de hesitação vacinal superior ao de outros países europeus e descoberta de infecções pela variante ômicron, potencialmente mais transmissível.
O Instituto Robert Koch, a agência federal de controle de doenças do país, relatou 446 óbitos pela doença nesta quarta-feira —maior cifra diária desde 18 de fevereiro. A taxa de incidência nos últimos sete dias por 100 mil habitantes, porém, caiu pelo terceiro dia consecutivo: 439,2, contra 452,2 nesta terça-feira.
Epidemiologistas locais, porém, afirmam que, se seguir assim, o país pode ter 6.000 pessoas com Covid em UTIs até o feriado do Natal, independentemente das medidas que as autoridades tomarem.
Para evitar um lockdown completo que poderia inviabilizar a frágil recuperação do país, Merkel e seu sucessor, Olaf Scholz, preferiram manter os comércios abertos para 69% da população alemã que está totalmente vacinada, bem como para aqueles que tenham provas de recuperação de infecção por Covid-19.
Essa taxa de vacinação de quase 70% está na média da UE, mas é menor do que a Portugal e Irlanda, por exemplo.
Merkel disse que solicitará a um comitê de ética para redigir uma legislação que torne a vacinação obrigatória.
A primeira-ministra, que descreveu as restrições como um “ato nacional de solidariedade” necessário, afirmou que, em regiões onde a incidência semanal de casos chega a 350 por cada 100 mil habitantes, medidas como o fechamento de casas noturnas e a limitação de eventos fechados a um máximo de 50 pessoas devem ser adotadas.
Especialistas atribuem o novo surto à resistência à vacinação de parte significativa da sociedade e criticam os políticos por agirem tarde demais para controlar os contágios.
Controlar o vírus será uma das prioridades de Scholz, líder dos social-democratas, que governarão junto com os progressistas Verdes e os liberais do FDP. Scholz, que assumirá formalmente o poder na próxima semana, afirmou que a Alemanha tentará administrar mais 30 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 até o dia de Natal.
446 mortes por Covid-19 foram registradas na Alemanha nesta quarta (1º), a maior cifra desde 18 de fevereiro
439,2 casos por 100 mil habitantes é a taxa de incidência da doença na maior economia da Europa
69% da população alemã está totalmente vacinada, índice menor que o registrado em Portugal e Irlanda