EUA exigirão teste de Covid de viajante na véspera do embarque
O presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou nesta quinta-feira (2) novas medidas de combate ao coronavírus a serem adotadas pelo país, incluindo mudanças nos protocolos de entrada de viajantes internacionais no país.
Agora, será necessário apresentar um teste de Covid-19 com resultado negativo realizado até 24 horas antes do embarque. Atualmente, o exame de diagnóstico pode ser feito até três dias antes da viagem.
A medida, que deve começar a valer na próxima semana, atinge todos os viajantes internacionais, que também precisarão estar completamente vacinados para poder entrar nos Estados Unidos.
Aos viajantes haverá ainda uma ampliação na exigência do uso de máscaras em aviões, trens e transporte público, até 18 de março, em viagens domésticas e internacionais. A multa em caso de descumprimento da regra será de US$ 500 (R$ 2.817) e poderá chegar a US$ 3.000 (R$ 16,9 mil) em caso de reincidência.
O governo não anunciou novas restrições de viagem, como na semana passada, quando vetou a entrada de passageiros de oito países africanos. Os EUA estão abertos a brasileiros desde novembro.
Biden busca dar uma resposta em meio ao avanço da ômicron, potencialmente mais contagiosa, que teve o primeiro caso registrado nos EUA na quarta (1º). Ao anunciar as medidas, disse que a mudança de prazo nos testes dos viajantes aumenta a proteção no país enquanto os cientistas estudam a nova cepa.
O democrata reafirmou que a variante é motivo de preocupação, mas não de pânico. Ressaltou que os EUA estão em condição melhor do que no inverno passado, quando a vacinação estava prestes a começar, mas que o país precisa estar preparado para alta de casos nas próximas semanas.
“Eu sei que a Covid-19 tem sido muito divisiva neste país, que ela se tornou uma questão política, o que é triste. Não deveria ser assim, mas é.
Agora, conforme nos aproximamos do inverno e encaramos o desafio desta nova variante, este é um momento em que deveríamos deixar as diferenças para trás e fazer o que não fomos capazes de fazer, de modo suficiente, durante toda a pandemia: unir a nação em um propósito comum”, discursou o presidente, no centro médico Walter Reed, nos arredores de Washington.
Ao todo, o plano do governo tem nove pontos, com destaque para a ampliação da distribuição de doses de reforço. Elas serão oferecidas a todos os adultos e deverão ser tomadas seis meses após a segunda dose dos fármacos de Pfizer e Moderna, e dois meses depois da aplicação da dose única da Janssen. O reforço será oferecido em 80 mil pontos, e mais de 41 milhões de pessoas já receberam a dose extra.
O governo também fará campanha para ampliar a vacinação de crianças a partir de cinco anos, para dar mais segurança para as escolas permanecerem abertas —no país, 99% dos centros de ensino estão com aulas presenciais, segundo a Casa Branca.
Há planos ainda para garantir que empresas continuem abertas e para a realização de campanhas para que mais empregadores cobrem a imunização de funcionários. Trabalhadores federais também poderão se afastar do expediente para tomar a dose de reforço, ou para acompanhar algum parente na vacinação, sem ter desconto no salário.
Biden também exigirá que os planos privados de saúde reembolsem todos os 150 milhões de clientes que pagam por esse serviço no país com 100% do custo de testes caseiros, segundo funcionários da Casa Branca, que falaram em condição de anonimato, antes do anúncio —a regra não valerá retroativamente. O governo deve disponibilizar 50 milhões de testes em clínicas rurais e centros de saúde.
No entanto, ainda não está claro como a medida funcionará na prática. Há dúvidas se as pessoas terão de comprar o teste e depois pedir reembolso ou se poderão obtê-lo de uma forma mais simples.
No país, as cidades e os estados ficam responsáveis por organizar a política de testes, e na prática cada governo local age de uma forma. Na capital Washington, por exemplo, há cerca de 15 pontos fixos nos quais é possível fazer testes gratuitos. Alguns atendem na hora e outros pedem que se faça um agendamento.
Há, também, um serviço de entrega gratuita de testes rápidos em casa, que podem ser pedidos por telefone. Os kits de autoexame também podem ser retirados em 27 endereços da cidade. Para ajudar o tratamento de infectados pelo coronavírus, a administração do democrata aumentará o número de equipes médicas de resposta rápida a serem enviadas aos estados onde houver alta súbita de casos.
A Casa Branca promete ainda aumentar o acesso a medicamentos para tratar a Covid e garantir que novas drogas aprovadas cheguem rapidamente a todo o país. No cenário internacional, o governo Biden deve se comprometer a acelerar a doação de vacinas.
Os Estados Unidos falam em fornecer 1,2 bilhão de doses da vacina contra a Covid-19 a outras nações, sendo que 200 milhões delas seriam entregues nos próximos cem dias.
“Eu sempre vou garantir que nosso povo seja protegido primeiro, mas vacinar o mundo não é apenas uma obrigação moral que temos, na minha visão. É como nós protegemos os americanos. É uma pandemia global, e todos precisam lutar juntos”, afirmou o presidente Biden nesta quinta.
Há ainda a perspectiva de expandir a produção de imunizantes no exterior, bem como acelerar a adaptação de vacinas para a nova variante, caso seja necessário. Estudos ainda estão sendo feitos para aferir a capacidade das doses de conterem a cepa ômicron.