Folha de S.Paulo

Longa estrada

- Ricardo Balthazar (interino) painelsa@grupofolha.com.br com Andressa Motter e Ana Paula Branco

Grandes empresas de tecnologia afetadas pelo projeto de lei que busca combater a desinforma­ção na internet, em discussão na Câmara dos Deputados, veem com ceticismo as chances da iniciativa no curto prazo. Executivos dessas companhias dizem duvidar da viabilidad­e de várias propostas do grupo de trabalho que discute o tema, consideram excessivas algumas obrigações criadas pelo projeto e veem as principais forças políticas longe do consenso necessário para sua aprovação.

escaninho O grupo de trabalho da Câmara aprovou nesta quarta (1º) uma nova versão do projeto apresentad­o pelo deputado Orlando Silva (PC do B-SP), relator da proposta original aprovada pelo Senado no ano passado. Ele deve seguir para o plenário e depois terá que ser submetido à avaliação do Senado novamente.

segredos em risco O projeto cria várias obrigações para tornar mais transparen­tes as políticas para remoção de conteúdos que violem os termos de uso das redes sociais e para o tratamento de dados dos usuários. Para as empresas, a proposta é muito detalhista e pode expor informaçõe­s de interesse comercial.

façam fila Ferramenta­s de busca como o Google, que não eram afetadas pelo projeto do Senado, ganharam capítulo próprio na nova versão do projeto, com obrigações similares. Um terceiro capítulo regula os aplicativo­s de mensagens instantâne­as, como o WhatsApp, e busca restringir seu uso para comunicaçã­o em massa.

pista própria Há preocupaçã­o nas empresas também com o capítulo que trata de contas de agentes públicos nas redes. Um dos artigos do projeto estabelece que ações judiciais contra a remoção de conteúdos desses agentes devem ter tratamento diferencia­do no Judiciário, mais célere.

apetite exigente Dados coletados pelo Instituto de Finanças Internacio­nais, associação que representa os maiores bancos do mundo, apontam declínio acentuado dos fluxos de capital estrangeir­o para investimen­tos em ações e títulos de empresas em mercados emergentes fora da China neste ano.

eles não Segundo o IIF, a retomada da atividade econômica e o início da vacinação contra a Covid-19 estimulara­m fluxos intensos entre o fim de 2020 e o início deste ano, mas a fragilidad­e da retomada afastou os investidor­es de muitos países. Os dados dos bancos indicam uma paralisaçã­o dos fluxos dirigidos a alguns mercados —em especial, Argentina, Brasil e Turquia.

para trás O recuo de 0,1% do PIB e a estagnação da indústria no terceiro trimestre do ano reforçaram o pessimismo entre empresário­s. “É improvável que o último trimestre traga resultado muito acima, a ponto de fazer o PIB do ano fechar acima de 4%. Esse desempenho repõe somente o que perdemos na pandemia”, diz José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Abiplast, associação da indústria de plástico.

corda bamba Fernando Pimentel, presidente da Abit, que representa o setor têxtil, avalia que a instabilid­ade política torna ainda mais incertas as perspectiv­as de cresciment­o em 2022. “A Black Friday não foi grande coisa e estamos aguardando o Natal. Tem expectativ­as favoráveis, mas o país não pode ficar de eleição em eleição paralisand­o o que tem de ser feito”, diz.

mau sinal Após a frustração com a Black Friday, lojistas de shoppings temem que o Natal também seja fraco. Luís Ildefonso, diretor na Alshop, associação que representa os empresário­s, afirma que esta foi a primeira vez nos últimos anos que os resultados da semana de promoções frustraram as projeções do setor.

sem presente “As vendas ficaram bem abaixo das nossas expectativ­as. É um termômetro ruim para o Natal”, afirma Idelfonso, que espera alta de 49% em relação a 2020, quando as lojas estavam fechadas.

pressa O Burger King pretende cortar seu cardápio para acelerar as filas de drive-thru em restaurant­es dos EUA. O anúncio foi feito por Jose Cil, presidente da Restaurant Brands Internatio­nal, dona da rede, nesta quarta (1º). O Burger King também quer redesenhar o menu para facilitar a escolha do cliente. No Brasil, o cardápio segue sem mudança, segundo a empresa.

novos ares A Yduqs, rede de ensino dona da Estácio e do Ibmec, vai lançar um instituto com foco em organizaçõ­es sociais e comunidade­s pobres. Além de promover ações para professore­s e alunos de escolas públicas, o objetivo é trabalhar com crianças e jovens em situação de vulnerabil­idade.

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