Folha de S.Paulo

Bolsonaro diz que Kassio e Mendonça são 20% do que gostaria de ver decidido no STF

- Marianna Holanda e Mateus Vargas

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta quinta (2) que os dois nomes indicados por ele ao STF (Supremo Tribunal Federal), Kassio Nunes Marques e André Mendonça, representa­m 20% do que gostaria de ver decidido na corte. “Não mando nos dois votos do Supremo, mas são dois ministros que representa­m, em tese, 20% daquilo que gostaríamo­s que fosse decidido e votado no STF”, disse Bolsonaro, durante cerimônia do lançamento do auxílio-gás no Palácio do Planalto.

Em novembro, o chefe do Executivo afirmou que tinha 10% dele dentro do STF devido à presença do ministro Kassio. O Supremo é composto de 11 integrante­s —Mendonça ocupará a vaga de Marco Aurélio, que se aposentou compulsori­amente em julho por completar 75 anos.

Nesta quinta, Bolsonaro disse que os dois ministros indicados por ele representa­rão uma “renovação” na corte. Sem citar nomes, afirmou que “alguns acham que são eternos, [mas] ninguém é eterno”.

“Graças a Deus nós conseguimo­s enviar não para o Supremo, mas em um primeiro momento para o Senado Federal, e foram aprovados, dois nomes, duas pessoas que marcam também a renovação do Supremo”, disse.

A declaração ocorreu logo após ele receber Mendonça em seu gabinete, ao lado do vice-presidente, Hamilton Mourão, e gravar um vídeo em que fala da indicação do nome que ele define como “terrivelme­nte evangélico”.

Trechos da gravação foram publicados no Twitter pelo líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR). Ao fundo, é possível ver o filho do presidente Carlos Bolsonaro (Republican­os-RJ), que acompanhou a nomeação do ministro no gabinete do pai.

“[Queria] dizer que, certamente, é uma das assinatura­s mais importante­s de um presidente da República. E uma missão confiada a mim, através dos votos por ele recebido, e também por acreditar no meu potencial para ajudar nosso país e que restou confirmado ontem no Senado”, disse Mendonça no vídeo.

Na live semanal desta quinta-feira (2), Bolsonaro comemorou a aprovação no Senado da indicação de André Mendonça a ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).

“Mendonça tem seus compromiss­os comigo. Nada diferente do que em grande parte da vida dele, enquanto AGU e ministro da Justiça”, declarou.

O presidente lembrou que havia prometido indicar um nome “terrivelme­nte evangélico”. “Alguns aí, nossa, o Supremo é laico, o Estado é laico. Eu sou cristão.”

O mandatário também disse que a Constituiç­ão só cita “a união estável entre homem e mulher”, mas que “respeitamo­s todo mundo”. O STF reconheceu a união estável homoafetiv­a em 2011. Na sabatina no Senado, Mendonça disse que defenderá esse direito.

Apesar dos elogios e da celebração de Bolsonaro, não foi o governo o principal fiador de Mendonça no Senado. Ele contou com o apoio sobretudo de líderes evangélico­s, que pressionar­am parlamenta­res, em especial Davi Alcolumbre, presidente da CCJ (Comissão de Constituiç­ão e Justiça) do Senado, para garantir a análise do segundo indicado do chefe do Executivo.

Mendonça teve o pior nível de apoio no plenário do Senado, quando comparada a votação dos atuais ministros do STF. O nome foi referendad­o por 47 votos a 32 —houve duas ausências. Até então, o menor número de votos favoráveis no plenário era do ministro Edson Fachin, aprovado com o placar de 52 votos a 27.

Já consideran­do a votação na CCJ, em que o placar de Mendonça foi de 18 votos favoráveis e 9 contrários, apenas Gilmar Mendes obteve menos apoio: com 16 votos a 6.

“Não mando nos dois votos do Supremo, mas são dois ministros que representa­m, em tese, 20% daquilo que gostaríamo­s que fosse decidido e votado no STF

Jair Bolsonaro (PL) presidente da República

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