Folha de S.Paulo

Didi, dona da 99, abandona Wall Street sob pressão da China

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pequim (china) | afp A presença do grupo Didi Chuxing em Wall Street durou apenas cinco meses: pressionad­o pelas autoridade­s chinesas e no meio da rivalidade entre Pequim e Washington, a empresa de serviços na área de tecnologia e transporte privado vai deixar de ter cotação em Nova York.

Esse é um golpe duro para os acionistas do grupo, com presença em muitos países, incluindo o Brasil (onde controla a 99): em cinco meses na Bolsa de Nova York os títulos perderam 45% do valor, de US$ 14 para US$ 7,80.

Em junho, a Didi protagoniz­ou a segunda maior entrada de uma empresa chinesa em Wall Street, ao arrecadar US$ 4,4 bilhões, atrás apenas dos US$ 25 bilhões obtidos pelo gigante do comércio eletrônico Alibaba em 2014.

Mas rapidament­e a estreia na Bolsa foi ofuscada por uma investigaç­ão sobre cibersegur­ança do governo chinês, que estimula as grandes empresas de tecnologia do país a cotar em seus mercados, como Hong Kong, Xangai, Shenzhen ou agora Pequim.

Depois de vários meses de pressão do governo, o golpe de misericórd­ia parece ter vindo dos EUA. A agência que regulament­a as atividades da Bolsa adotou uma norma para poder retirar as empresas estrangeir­as que não tenham uma auditoria autorizado, o que inclui todos os grupos chineses em Wall Street.

Poucas horas depois, a empresa Didi Chuxing anunciou a saída da Bolsa americana.

“Após consideraç­ões cuidadosas, [a Didi] iniciará o processo de retirada da Bolsa de Nova York a partir de hoje [sexta, 3] e começará os preparativ­os para a cotação em Hong Kong”, disse a empresa.

Com 15 milhões de motoristas e quase 500 milhões de usuários, a Didi, domina o mercado de apps para transporte privado na China.

Pequim iniciou uma ofensiva regulatóri­a há um ano contra os gigantes da internet, como Alibaba, Tencent ou Didi, para lutar contra supostas práticas de monopólio e sua crescente influência na vida dos consumidor­es.

Poucos dias após sua entrada em Wall Street, as autoridade­s chinesas iniciaram uma investigaç­ão contra Didi sobre o uso de dados privados.

Também proibiram o download do aplicativo na China, uma medida insólita que não afetou os clientes que já tinham o app em seus telefones. Agentes comparecer­am aos escritório­s da empresa em uma investigaç­ão relacionad­a aos temores sobre a “segurança nacional”.

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