Folha de S.Paulo

Em pior fase no cargo, Landim tenta reeleição

Presidente do Flamengo tem o desempenho em campo na temporada como barreira para se manter à frente do clube

- Carlos Petrocilo

são paulo Uma semana depois de perder o título da Libertador­es para o Palmeiras, o Flamengo volta a vivenciar um sábado (4) de decisão. Sócios e conselheir­os do clube deverão comparecer na sede da Gávea, no Rio de Janeiro, das 8h até às 21h, para eleger o presidente para o próximo triênio (2022 a 2024).

São quatro candidatos: o atual mandatário Rodolfo Landim (chapa UniFla) tentará a reeleição diante da concorrênc­ia do advogado Marco Aurélio Assef (Sempre Flamengo), do administra­dor Ricardo Hinrichsen (Flamengo sem Fronteiras) e do advogado Walter Monteiro (Flamengo Maior).

O resultado será divulgado horas depois do fechamento das urnas. O clube estima que quase 6.500 pessoas deverão comparecer ao pleito. Landim é o mais cotado para ganhar, mas a fase ruim em campo tornou-se um barril de pólvora.

Ex-diretor da Petrobras, o engenheiro civil e empresário assumiu o Flamengo em janeiro de 2019.

Antes braço direito de Eike Batista, Landim também se aproximou do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).

Embora a diretoria flamenguis­ta negue preferênci­as políticas, Bolsonaro editou a MP do Mandante, medida provisória 984, de junho de 2020, que dava ao clube anfitrião o direito exclusivo de transmitir o jogo ou negociar a transmissã­o, após almoçar com Landim, em Brasília.

O texto não passou pelas casas do Congresso e, após 120 dias de sua publicação no Diário Oficial, caducou. Nesse período, porém, o Flamengo adotou a MP para exibir partidas do Estadual do Rio (torneio que o time não tinha acordo com a Globo) em seus canais na internet.

Landim participou da gestão de seu antecessor, Eduardo Bandeira de Mello, que iniciou a reestrutur­ação financeira do clube (com uma dívida de R$ 741 milhões, em 2013), mas obteve mais fracassos que sucessos em campo (dois títulos estaduais, em 2014 e 2017, e a Copa do Brasil, em 2013).

Nos dois primeiros anos de Landim, o Flamengo voltou a ganhar a Libertador­es, em 2019, e enfileirou duas taças do Brasileiro (2019 e 2020). Fora de campo, logo no início de sua gestão, ele teve de lidar com um incêndio no Ninho do Urubu, episódio que terminou com a morte de dez jovens jogadores da base.

O dirigente viu a culpa da tragédia recair sobre Bandeira de Mello, mas sua diretoria tem sido a responsáve­l por negociar indenizaçõ­es para os familiares dos mortos.

Aliados de sua gestão destacam, apesar da crise do coronavíru­s, a capacidade do Flamengo em alavancar receitas. Foram R$ 668 milhões, em 2020, em meio à pandemia de Covid-19, dado publicado no balanço da agremiação.

O orçamento para 2022 prevê faturament­o de R$ 1 bilhão e superavit de R$ 186 milhões.

O caminho estaria mais livre à atual gestão caso o time não desapontas­se em campo. Acostumado com as glórias recentes, a torcida não poupou Landim na vitória do Flamengo sobre o Ceará por 2 a 1, na terça (30). Foi o primeiro jogo da equipe no Maracanã após ter sido superada pelo Palmeiras, em Montevidéu (URU), na final da Libertador­es.

Antes da decisão, a situação no departamen­to de futebol já não era confortáve­l. De acordo com o vice-presidente Marcos Braz, em entrevista ao site GE, no último dia 24, o setor deverá passar por uma reestrutur­ação.

Além do torneio continenta­l, o time foi eliminado na semifinal da Copa do Brasil pelo Athletico, no Maracanã. O clube também não foi páreo para o Atlético-MG no Brasileiro. A temporada terminará marcada também pela demissão dos técnicos Rogério Ceni e Renato Gaúcho.

O Estadual do Rio de Janeiro e a Supercopa do Brasil, diante do Palmeiras, foram os títulos conquistad­os. Pouco para a torcida do time de elenco mais caro no futebol nacional.

Procurado pela Folha, Landim não atendeu aos pedidos de entrevista.

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Flamengo/Divulgação Ex-diretor da Petrobras, Rodolfo Landim assumiu a presidênci­a do Flamengo em janeiro de 2019

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