Folha de S.Paulo

Lula defende ponte com evangélico­s em evento no ABC

- Felipe Bächtold

Em ato político no Sindicato dos Metalúrgic­os do ABC nesta sexta (3), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou “mercenário­s que se passam por religiosos” e disse que Jair Bolsonaro (PL) não crê em Deus.

Lula deu as declaraçõe­s antes de exibição na sede da entidade, em São Bernardo do Campo, do filme “Marighella”, em evento que reuniu atores da produção e o filho do guerrilhei­ro morto nos anos 1960.

Antes da exibição, o ator Henrique Vieira, que é pastor evangélico e ex-vereador pelo PSOL, fez discurso inflamado pedindo mais atenção da esquerda com o segmento evangélico.

Lula disse concordar com Vieira e pediu que esse tipo de mensagem seja mais difundida. “Os evangélico­s não são inferiores a ninguém e nenhuma outra religião. São cidadãos humanos, brasileiro­s que têm o direito de professar a sua fé.” Ao falar em “mercenário­s”, Lula acrescento­u: “Tem muita gente enganando os mais humildes”.

Disse também: “Temos a obrigação de convencer a sociedade brasileira de que Bolsonaro não crê em Deus, não acredita e não pratica nenhum ensinament­o que está na Bíblia. Ele, na verdade, é tudo o contrário”.

Falou ainda que é importante que os próprios evangélico­s, como Vieira, divulguem esse tipo de ideia.

A sessão do filme nesta sexta reuniu também sindicalis­tas e líderes petistas, como os prefeitos de Mauá e de Diadema. Na maioria dos discursos, houve declaraçõe­s de apoio à candidatur­a de Lula em 2022 e críticas ao governo Bolsonaro.

Sobre Marighella, Lula disse que é preciso exaltar figuras heroicas do país.

O filme, biografia do guerrilhei­ro morto nos anos 1960 pela repressão na ditadura militar, ficou pronto em 2019, mas teve o lançamento adiado devido a negativas de comerciali­zação da Ancine, a Agência Nacional do Cinema.

Lula deixou o sindicato antes da exibição do filme.

O ex-presidente voltou a mencionar regimes ditatoriai­s da América Latina, tema que havia provocado controvérs­ia. “A elite brasileira fica tão incomodada com a Nicarágua, com Cuba, com a Venezuela. A elite brasileira torceu pela minha prisão, mesmo eu sendo o primeiro lugar nas pesquisas [em 2018].”

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