Lula defende ponte com evangélicos em evento no ABC
Em ato político no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC nesta sexta (3), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou “mercenários que se passam por religiosos” e disse que Jair Bolsonaro (PL) não crê em Deus.
Lula deu as declarações antes de exibição na sede da entidade, em São Bernardo do Campo, do filme “Marighella”, em evento que reuniu atores da produção e o filho do guerrilheiro morto nos anos 1960.
Antes da exibição, o ator Henrique Vieira, que é pastor evangélico e ex-vereador pelo PSOL, fez discurso inflamado pedindo mais atenção da esquerda com o segmento evangélico.
Lula disse concordar com Vieira e pediu que esse tipo de mensagem seja mais difundida. “Os evangélicos não são inferiores a ninguém e nenhuma outra religião. São cidadãos humanos, brasileiros que têm o direito de professar a sua fé.” Ao falar em “mercenários”, Lula acrescentou: “Tem muita gente enganando os mais humildes”.
Disse também: “Temos a obrigação de convencer a sociedade brasileira de que Bolsonaro não crê em Deus, não acredita e não pratica nenhum ensinamento que está na Bíblia. Ele, na verdade, é tudo o contrário”.
Falou ainda que é importante que os próprios evangélicos, como Vieira, divulguem esse tipo de ideia.
A sessão do filme nesta sexta reuniu também sindicalistas e líderes petistas, como os prefeitos de Mauá e de Diadema. Na maioria dos discursos, houve declarações de apoio à candidatura de Lula em 2022 e críticas ao governo Bolsonaro.
Sobre Marighella, Lula disse que é preciso exaltar figuras heroicas do país.
O filme, biografia do guerrilheiro morto nos anos 1960 pela repressão na ditadura militar, ficou pronto em 2019, mas teve o lançamento adiado devido a negativas de comercialização da Ancine, a Agência Nacional do Cinema.
Lula deixou o sindicato antes da exibição do filme.
O ex-presidente voltou a mencionar regimes ditatoriais da América Latina, tema que havia provocado controvérsia. “A elite brasileira fica tão incomodada com a Nicarágua, com Cuba, com a Venezuela. A elite brasileira torceu pela minha prisão, mesmo eu sendo o primeiro lugar nas pesquisas [em 2018].”