Folha de S.Paulo

Caminho errado

- Fábio Zanini painel@grupofolha.com.br com Guilherme Seto e Fabio Serapião

A sinalizaçã­o de que a Justiça Eleitoral aposta preferenci­almente em uma ação do Legislativ­o para criar regras de atuação do Telegram no país é vista com ceticismo entre investigad­ores que atuam em casos que envolvem a plataforma. O entendimen­to é que não há tempo hábil para a inclusão, no projeto das fake news, da exigência de que empresas tenham sede no Brasil. Além da dificuldad­e para aprová-lo em ano eleitoral, ainda há a possibilid­ade de veto de Jair Bolsonaro.

por aqui

O caminho mais viável, avaliam, seria uma ação direta do Judiciário, por meio da provocação do Ministério Público ou Polícia Federal em casos existentes. Outro caminho é a retomada do processo sobre o WhatsApp no STF, que poderia abordar a necessidad­e de haver sede no Brasil. O caso está com Alexandre de Moraes, que pediu vistas.

exemplo

Os investigad­ores que se debruçam sobre o tema citam o caso da Alemanha, onde pela primeira vez o Telegram bloqueou canais que espalhavam desinforma­ção. A diferença, afirmam, é que lá o Executivo pressionou a plataforma, enquanto no Brasil Bolsonaro defende.

bombou

Pesquisa da Diretoria de Análises de Políticas Públicas da FGV mostra como o uso político da inauguraçã­o de uma obra na transposiç­ão do Rio de São Francisco e a imputação de crime pela PF pelo vazamento de um inquérito impulsiona­ram Jair Bolsonaro nas redes em fevereiro.

metade

O presidente aparece em 2,4 milhões das 4,7 milhões de menções a presidenci­áveis entre os dias 1 e 8. Lula vem na segunda colocação, com destaque para abordagens sobre escândalos de corrupção nas gestões petistas.

indo

João Doria (PSDB) e Sergio Moro (Podemos) também registrara­m picos de menções. O governador no dia do acidente na obra do metrô e o ex-juiz devido aos recebiment­os de uma consultori­a. O pedetista Ciro Gomes teve maior engajament­o nas manifestaç­ões sobre posição contrária à privatizaç­ão da Petrobras.

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O deputado Marco Feliciano (PL-SP) critica as investidas de Lula (PT) e Sergio Moro (Podemos) para atrair os cristãos, em especial os evangélico­s, visando a disputa eleitoral e classifica os presidenci­áveis de “religiosos bissextos”.

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Apoiador de Jair Bolsonaro, Feliciano diz que o presidente não é um santo, mas é “o que mais se aproxima dos nossos dogmas, costumes e fé”. Sobre Moro, ele afirma que o ex-juiz “só faltou subir nos botões da estátua do Padre Cícero quando esteve em Juazeiro do Norte (CE)”.

aqui não

“Os evangélico­s passam a vida toda aprendendo que o maligno também se apresenta como anjo”, afirma.

contramão

Enquanto a précampanh­a de Jair Bolsonaro tenta reverter o desgaste causado pelo discurso contra as vacinas, apoiadores do presidente ainda mantêm o tema em pauta em suas páginas e canais nas redes sociais.

toma aí

Aliados como a deputada Bia Kicis e Anderson Moraes (RJ), além de canais no Telegram e WhatsApp, divulgaram conteúdo nos últimos dias contra o passaporte vacinal, com críticas a vacinação de crianças e com teorias conspirató­rias sobre a fabricação dos imunizante­s.

ajuda

O Fundo Positivo vai escolher 20 iniciativa­s no Brasil de prevenção ao HIV para destinar mais de R$ 1 milhão. Podem se inscrever no edital até março organizaçõ­es, movimentos e fóruns que atuem em projetos voltados para o combate à doença.

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