Folha de S.Paulo

Arranjos nos estados podem afunilar candidatur­as de ministros do governo

Ao menos 3 potenciais candidatos devem continuar na gestão Bolsonaro até o fim do mandato

- Marianna Holanda, Ricardo Della Coletta e Mateus Vargas

brasília O presidente Jair Bolsonaro (PL) contabiliz­ava que 11 dos seus ministros se lançariam candidatos nas eleições deste ano, mas arranjos estaduais devem afunilar as possibilid­ades eleitorais do time ministeria­l.

Fábio Faria (Comunicaçõ­es), Anderson Torres (Justiça) e João Roma (Cidadania) ainda aguardam para bater o martelo, mas podem decidir permanecer na Esplanada dos Ministério­s.

No caso do primeiro, ele disputava a vaga de Senado pelo Rio Grande do Norte com

Rogério Marinho, do Desenvolvi­mento Regional.

Num evento em Jardim de Piranhas (RN) nesta semana, Faria sinalizou que pode abrir mão da disputa.

“Ele [Marinho], assim como eu, tem o direito de pleitear qualquer pré-candidatur­a”, disse Faria, num palco ao lado de Bolsonaro e do ministro do Desenvolvi­mento Regional.

“Nós temos um projeto: reeleger o presidente Bolsonaro. E somos gratos, quem achou que ia ter briga entre nós dois vai quebrar a cara. Entre eu e o Rogério, e em nome do projeto do estado, só vai sair um”, afirmou.

No ato político no Nordeste,

Marinho foi recebido aos gritos de “senador”. Depois, na live semanal de Bolsonaro, declarou-se pré-candidato ao Senado.

Faria sempre descartou a possibilid­ade de concorrer ao governo do estado, onde a governador­a Fátima Bezerra (PT) tem bom desempenho eleitoral na disputa pela reeleição.

Para deputado federal, já está sacramenta­da a candidatur­a do ex-governador e pai do ministro, Robinson Faria.

A aliados Faria diz ainda que o arranjo definitivo será selado neste mês. A avaliação é de que, se os dois disputarem, ele pelo PP e Marinho pelo PL, quem ganhará a única vaga pelo Senado será um nome do PT.

Segundo a Folha apurou, Torres também admite que sua candidatur­a depende do cenário no Distrito Federal.

Ainda que sua intenção fosse disputar o Senado, a ministra Flávia Arruda (Secretaria de Governo) é candidata natural ao posto.

Ela tem acordo com o governador Ibaneis Rocha (MDB) para formar a chapa.

O ministro, que é delegado, filiado ao União Brasil (exPSL) e nunca disputou eleição, poderia sair para a Câmara, mas já admite a interlocut­ores a possibilid­ade de continuar no governo até o final do mandato.

Na Bahia, João Roma insiste em disputar o governo do estado. O ministro, que criou o auxílio emergencia­l, disputaria contra seu ex-aliado ACM Neto (União Brasil), ex-prefeito de Salvador, e Jaques Wagner (PT), ex-governador.

A avaliação de interlocut­ores, contudo, é que o cenário é incerto no estado.

O anseio de aproximar o União Brasil da chapa nacional de Bolsonaro esbarra na candidatur­a de Neto, que teme a rejeição do presidente na Bahia.

Bolsonaro pode precisar de Roma para fazer palanque no terceiro maior colégio eleitoral do país.

Com o afunilamen­to, a conta de auxiliares palacianos é de que hoje há oito candidatur­as no primeiro escalão do governo.

Tarcísio de Freiras (Infraestru­tura) e Onyx Lorenzoni (Trabalho) vão disputar os governos de São Paulo e Rio Grande do Sul, respectiva­mente. Ambos pelo PL de Valdemar Costa Neto.

Devem sair pelo Senado os titulares do Desenvolvi­mento Regional, Marinho; Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves; Secretaria de Governo, Flávia Arruda; Turismo, Gilson Machado; e Agricultur­a, Tereza Cristina. Neste ano, há apenas uma vaga por estado.

Tereza Cristina está bem posicionad­a nas pesquisas e interlocut­ores dizem que se lançará mesmo para senadora, embora no entorno de Bolsonaro há quem defenda seu nome para compor chapa do presidente na tentativa de reeleição.

O chefe do Executivo, por outro lado, tem explicitad­o sua preferênci­a por um general, mesma fórmula adotada em 2018.

Os principais nomes que circulam hoje para a vaga são de Braga Netto, ministro da Defesa, e de Augusto Heleno, do GSI.

Além desses, há também candidatos no segundo escalão do governo.

Mário Frias, que ocupa o cargo de secretário de Cultura, é esperado para se lançar candidato à Câmara dos Deputados pelo PL.

O ex-ministro da Saúde general Eduardo Pazuello também deve se lançar ao Senado por Roraima ou à Câmara dos Deputados pelo Rio de Janeiro.

“Nós temos um projeto: reeleger o presidente Bolsonaro. E somos gratos, quem achou que ia ter briga entre nós dois vai quebrar a cara

Fabio Faria ministro das Comunicaçõ­es, sobre possível disputa com Rogério Marinho por vaga de senador pelo Rio Grande do Norte

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Ueslei Marcelino-27.set.21/Reuters O presidente Jair Bolsonaro e a ministra Damares Alves, que deve ser candidata ao Senado

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