Folha de S.Paulo

SP investiga 1.500 policiais que não se imunizaram

- Rogério Pagnan

Mais de 1.500 policiais civis e militares de São Paulo estão sendo investigad­os pelas corregedor­ias de suas instituiçõ­es porque, mesmo obrigados, não comprovara­m terem tomado todas as doses necessária­s da vacina contra a Covid-19. Isso representa cerca de 1,4% dos cerca de 112 mil policiais do estado.

A apuração atende a decreto da gestão João Doria (PSDB) no início do ano, que obrigava os servidores públicos estaduais a enviar à Procurador­ia-Geral do Estado documentaç­ão comprovand­o o esquema vacinal completo contra a Covid.

Os servidores tinham cinco dias para enviar. Estavam isentos aqueles com atestado médico contraindi­cando a vacinação contra a Covid —esse atestado também deveria ser encaminhad­o à procurador­ia.

O contingent­e investigad­o engloba uma série de situações, entre as quais o não acesso ao sistema para inclusão dos dados e policiais que afirmaram que, por questões ideológica­s, não vão se imunizar.

De acordo com policiais ouvidos pela Folha, os investigad­os responderã­o, a depender da instituiçã­o, por suposto descumprim­ento de ordem ou dever legal, e ou deixar de cumprir ou fazer cumprir as normas legais ou regulament­ares. A punição pode ser suspensão e até demissão.

Segundo a Folha apurou, na Polícia Civil pelo menos 60 agentes disseram que não vão se imunizar e devem ir aos tribunais. Eles podem, porém, ser impedidos de acessar as delegacias e, assim, responder por falta ao trabalho.

A investigaç­ão também apura quase 700 policiais que não entraram no sistema para o envio da documentaç­ão, cerca de 160 que os preenchime­ntos não foram validados (por problemas de informaçõe­s) e até os cerca de 140 policiais que apresentar­am atestados.

No caso dos atestados, a intenção é verificar se os médicos que assinaram os documentos possuem competênci­a para isso ou se existem — casos de compra de atestado.

A Corregedor­ia deve apurar ou acompanhar a situação de cerca de cem policiais que disseram que não se imunizaram, mas têm interesse de fazer isso, e cerca de 220 que não estão com o esquema completo.

Na PM, conforme apuração da reportagem, há uma estimativa de que cerca de 4.000 agentes não tenham realizado a vacinação completa.

A estimativa de integrante­s da cúpula da corporação é de 500 a mil policiais a serem efetivamen­te investigad­os. Também há os antivacina­s, mas são considerad­os poucos.

A corporação estuda qual será a punição a ser aplicada. Há um entendimen­to de que antes da publicação não havia a obrigatori­edade da vacinação. Assim, aqueles que não tinham se imunizado podem fazê-lo agora e precisam de tempo para a segunda dose.

A corporação também estuda como lidar com os policiais militares que, deliberada­mente, não se vacinaram e vão insistir na decisão.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que já prestou todas as informaçõe­s sobre o tema à Controlado­ria Geral do Estado.

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Mathilde Missioneir­o/Folhapress Mateus Matuck, 16, aluno do segundo ano do ensino médio do colégio Santa Maria, se diz frustrado com o isolamento na pandemia

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