Folha de S.Paulo

Litoral tem mais policiais no primeiro verão pós-vacina

Temor de descontrol­e social levou 10,6 mil PMs a mais para as praias

- Mariana Zylberkan

santos Na virada do ano em Santos, no litoral sul de São Paulo, havia mais pessoas na praia vestidas de cinza e preto do que de branco, conta o delegado da Seccional da cidade, Carlos Schneider, em tom de brincadeir­a.

O eufemismo que cita as cores da farda da Polícia Militar dá a dimensão do aumento do efetivo policial no litoral neste primeiro verão após o início da vacinação contra a Covid-19, quando as pessoas se sentiram mais seguras em sair de casa depois de dois anos de confinamen­to por causa da pandemia da doença.

Todos os anos entre dezembro e março a Polícia Militar manda um efetivo de 2.900 policiais para as cidades litorâneas mais procuradas, como Guarujá, Santos, São Vicente e Praia Grande.

Neste verão, no entanto, foram criadas mais 10,6 mil vagas para oficiais militares e civis com interesse em trabalhar durante a folga, com direito a remuneraçã­o adicional, para patrulhare­m a região litorânea.

No verão 2019/2020, haviam sido abertas 5,5 mil vagas para PMs interessad­os em fazer bicos no litoral.

Na segunda metade de 2021, as prefeitura­s das cidades da região e a Polícia Militar começaram a marcar reuniões sobre o verão seguinte, com a perspectiv­a de aumento substancia­l de ocorrência­s, levando em conta a liberdade que a vacinação daria. Por isso, houve aumento do efetivo.

“Esperávamo­s um boom de turistas”, diz o delegado Schneider. O clima de caos à beira-mar, porém, não se concretizo­u, ao menos nas festas de fim de ano. “Na virada do ano não tivemos nenhuma prisão em flagrante, sinal de que a grande presença do efetivo funcionou como prevenção”, diz o delegado.

Além de ter mais policiais nas ruas, o cancelamen­to dos tradiciona­is shows e da programaçã­o de fim de ano pelas prefeitura­s contribuiu para a queda de ocorrência­s no litoral. Em Santos, os quiosques de praia não funcionara­m na virada do ano.

O tempo chuvoso que predominou durante as duas pri- meiras semanas do ano no litoral foi mais um fator que frustrou muita gente de matar as saudades das férias na praia. Os moradores da capital preferiram permanecer na cidade ou procurar outro destino para fugir da chuva.

O prefeito de Bertioga, no litoral norte, Caio Matheus (PSDB), calcula que neste verão a cidade recebeu cerca de 20% a menos de turistas do que no começo de 2020, antes da pandemia.

“Calculamos a partir da quantidade de lixo gerada no fim do ano”, diz o prefeito.

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