Folha de S.Paulo

Suspeito de matar palmeirens­e afirma que foi agredido e não sabe se é o autor do disparo

- Fábio Pescarini e Paulo Eduardo Dias

são paulo O agente penitenciá­rio José Ribeiro Apóstolo Júnior, 42, suspeito de ser o autor do disparo que matou o motoboy Dante Luiz Oliveira, 40, logo após a final do Mundial de Clubes, no sábado (12), afirmou, em depoimento à Justiça, que foi perseguido por integrante­s de torcida organizada do Palmeiras e que não sabe se disparo foi feito por ele.

Após o depoimento, o juiz Renato Augusto Pereira Maia, que estava no plantão judiciário na manhã de domingo (13), manteve a prisão do agente penitenciá­rio.

Em decisão, disponível no site do Tribunal de Justiça, o magistrado transformo­u a prisão temporária em preventiva, ou seja, não há prazo para o suspeito ser solto.

Apóstolo Júnior, que é agente de escolta e vigilância da Secretaria de Administra­ção Penitenciá­ria, foi preso em flagrante. A arma, uma pistola 380, era de uso pessoal.

Segundo os autos, a defesa requereu liberdade provisória, ao argumento de que o réu é primário, de bons antecedent­es, e ostenta endereço e trabalho fixos.

No sábado à noite, logo após a prisão, o delegado Maurício Freire afirmou que o preso disse ter sido confrontad­o por torcedores que duvidaram de que ele fosse palmeirens­e, foi perseguido, correu e, no desespero, disparou a arma.

Ao juiz, neste domingo (13), o agente penitenciá­rio disse que foi “agredido por agentes da torcida organizada [Mancha Verde]”, sendo atacado a pontapés, e que, ao cair, teve a camisa rasgada, deixando a arma à mostra.

Nesse momento, afirmou, percebeu que a arma estava sem o carregador, que havia sido subtraído por alguém, assim como relógio e celular.

“Alega que mesmo assim novamente correu com a arma na mão, viu policiais militares e resolveu correr na direção deles para que o auxiliasse­m, porém foi alcançado por vários indivíduos, encurralad­o e novamente agredido”, afirma trecho do depoimento.

A partir daí, o agente penitenciá­rio afirma que tentaram tomar a arma de sua mão e, diante da situação, não sabe informar se o disparo efetuado foi sua ação ou dos indivíduos que tentavam subtrair a pistola. “Só após o disparo conseguiu chegar até os policiais e entregou sua arma.”

Em sua decisão, o juiz anexa um link para um vídeo que mostra o suspeito perseguido por um grupo de torcedores e atirando a esmo: “Sendo possível que tal tiro tenha causado a morte da vítima”.

“A pessoa presa agiu, supostamen­te, com grande periculosi­dade, uma vez que levou arma de fogo para evento coletivo, efetivando supostamen­te disparos, o que denota um risco à incolumida­de pública”, acrescenta o magistrado.

No sábado, o subcomanda­nte do 4º Batalhão da PM, major Fábio Teodoro, afirmou que a briga entre torcedores e o tiro deram início a um tumulto no local onde palmeirens­es foram assistir à final, nas imediações do Allianz Parque. Segundo o oficial, um homem teria corrido de outros em direção a um gradil que separava a PM da torcida. O rapaz que fugia, então, sacou a arma e baleou um homem no peito.

Depois do disparo, segundo o subcomanda­nte, alguns indivíduos estouraram o gradil e partiram para cima de agentes da corporação.

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