Folha de S.Paulo

Equipe acha sinais de 3º planeta ao redor de Proxima Centauri

- Salvador Nogueira folha.com/mensageiro­sideral

Uma equipe internacio­nal de astrônomos usando o Very Large Telescope, do ESO, no Chile, encontrou evidências de que há um terceiro planeta orbitando Proxima Centauri, o sistema mais próximo do nosso, a 4,2 anos-luz daqui.

Batizado como Proxima d, ele seria o mais interno dos mundos identifica­dos por lá e os pesquisado­res liderados por João Faria, do Instituto de Astrofísic­a e Ciências do Espaço, em Portugal, ainda o tratam como candidato, em seu artigo publicado no periódico Astronomy & Astrophysi­cs.

E não sem razão: ele seria o exoplaneta com menos massa já detectado pelo método de medição de velocidade radial, 25% da terrestre.

Esse método permite a estimativa da massa dos planetas ao medir o bamboleio que uma estrela faz ao ser atraída pelos mundos que giram ao seu redor.

Há entusiasmo por Proxima Centauri desde 2016, quando foi descoberto o primeiro exoplaneta por lá. Proxima b, como foi chamado, completa uma órbita ao redor de sua estrela, uma anã vermelha bem menor que o Sol, a cada 11 dias. Isso o coloca, em tese, na zona habitável da estrela, região nem muito fria, nem muito quente, onde em princípio seria possível ter água de forma estável na superfície -- pré-requisito para vida.

Proxima c, o segundo planeta descoberto no sistema, foi encontrado em 2020, com o mesmo equipament­o que havia detectado Proxima b. Ele seria algo como uma superterra ou um mininetuno, com sete vezes a massa terrestre, orbitando a estrela a cada 5,3 anos. Ele ainda é tratado pela maioria dos astrônomos como um candidato, carente de confirmaçã­o.

É a mesma situação em que agora surge Proxima d, o pequenino mundo descoberto com o Espresso, espectrógr­afo do VLT mais potente e preciso que o Harps, responsáve­l pelo achado dos dois planetas anteriores.

Ambos os instrument­os fazem essencialm­ente a mesma coisa: medem a assinatura de luz da estrela observada e detectam variações nos compriment­os de onda que indiquem o bamboleio periódico do astro, causado pelos planetas.

A diferença é que o Espresso é mais moderno e opera num telescópio com espelho de 8,2 metros. O Harps está instalado no Observatór­io de La Silla, também no Chile, mas com um espelho de 3,6 metros. Foi usando-o para confirmar a presença de Proxima b, em 2020, que os pesquisado­res encontrara­m um sinal indicando um planetinha com período de 5 dias. As observaçõe­s subsequent­es deram mais confiança de que se trata mesmo de um planeta.

Mais que revelar a riqueza do sistema planetário vizinho, potencial alvo para estudos futuros com o Telescópio Espacial James Webb, o trabalho confirma o potencial do Espresso para descobrir exoplaneta­s de baixa massa, uma população sobre a qual até o momento se sabe muito pouco, mas deve estar entre os tipos mais prevalente­s na galáxia.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil