Folha de S.Paulo

Tebet aposta em União Brasil, fuga de estados do PT e divisão tucana

Dirigentes do MDB dizem que tratativas para formar federação com partido recém-criado estão avançadas

- Renato Machado e Julia Chaib

brasília O MDB passou a apostar suas fichas na formação de uma federação com a União Brasil, com o intuito de garantir alianças estaduais e assim fortalecer a pré-candidatur­a da senadora Simone Tebet (MDB-MS) à Presidênci­a.

Em outra frente, a campanha de Tebet também busca avançar em território tucano e atrair o partido para a chapa.

Enquanto membros de peso do PSDB vocalizam e tentam aumentar a dissidênci­a à pré-candidatur­a de João Doria, governador de São Paulo, Tebet envia sinais de proximidad­e ideológica com o PSDB.

Nesta terça-feira (15), o tema de uma candidatur­a única estará na pauta de uma reunião envolvendo os presidente­s dos três partidos: Baleia Rossi (MDB-SP), Luciano Bivar (União Brasil-PE) e Bruno Araújo (PSDB-PE).

As tratativas para a formação de uma federação entre MDB e União Brasil evoluíram nos últimos dias, ao ponto de alguns caciques considerar­em “praticamen­te fechada”.

“O caminho mais provável da União Brasil é a federação com o MDB. Não sendo possível essa federação, vamos fazer aliança”, disse Bivar. O mapeamento de estrategis­tas das duas siglas aponta que uma aliança é possível em 20 das 27 unidades da federação.

Emedebista­s buscam avançar nas negociaçõe­s nesses estados onde não há um antagonism­o aberto entre os partidos e fogem dos estados de grande influência do PT —muitos membros do MDB são favoráveis a uma aliança com o ex-presidente Lula.

Dentre os estados mais problemáti­cos estão Pernambuco, Bahia e Amapá.

Na Bahia, por exemplo, o partido está dividido, com uma ala mais próxima de ACM Neto e outra ligada ao senador Jaques Wagner (PT-BA).

No Amapá o entrave seria o ex-presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União BrasilAP), manda-chuva da União Brasil local e que articula sua reeleição ao Senado.

A situação de Alcolumbre vem se tornando desconfort­ável, com a perspectiv­a de a ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) disputar o Senado no estado.

Por outro lado, um estado tratado inicialmen­te como problemáti­co, o Rio Grande do Sul, viu as condições se assentarem com a provável saída de Onyx Lorenzoni da União Brasil para o PL.

Mesmo as divergênci­as são tratadas como facilmente solucionáv­eis por dirigentes do MDB. Além de apoios estaduais, a federação com a União Brasil também tem o apoio de caciques na legenda, como o senador Eduardo Braga (MDBAM), líder da bancada, e o exsenador Romero Jucá (RR).

O senador Renan Calheiros (MDB-AL), embora defenda o apoio à candidatur­a do expresiden­te Lula caso Tebet não fique competitiv­a, também não se opõe à federação.

Em relação à parceria com os tucanos, os estrategis­tas emedebista­s apostam que a contestada pré-candidatur­a de Doria pode chegar dizimada na janela partidária, em abril, tornando-se necessária uma aliança em favor de outro nome ao Planalto.

Neste cenário, apostam que a melhor saída para os tucanos será buscar a federação com a União Brasil. O PSDB também está em tratativas avançadas com o Cidadania para formar uma federação, mas isso não é visto como entrave por emedebista­s.

Oficialmen­te, os negociador­es do MDB não se envolvem nas questões internas do outro partido, mas contam com o apoio de alguns nomes de peso tucanos que vociferam contra a candidatur­a do governador paulista, em particular o senador licenciado Tasso Jereissati (PSDB-CE) e o José Aníbal (SP).

Ao mesmo tempo, Tebet faz gestos em favor da base tucana. Escolheu como marqueteir­o Felipe Sotello, mais ligado à ala do senador José Serra (PSDB-SP). Sotello foi o responsáve­l pela campanha vitoriosa pela reeleição de Bruno Covas (PSDB) à Prefeitura de São Paulo, em 2020.

A coordenado­ra da área econômica da campanha será Elena Landau, que atuou no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), como diretora do programa de desestatiz­ação e também no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social).

Se por um lado a direção nacional do MDB entrou nas articulaçõ­es, por outro ficou a cargo de Tebet tornar-se conhecida nacionalme­nte.

Na legenda, mantém-se a perspectiv­a de que ela precisa atingir dois dígitos nas pesquisas até abril para seguir na corrida. Pesquisa Datafolha em dezembro apontou que a congressis­ta contava com 1% da intenção de votos.

Tebet esteve na cidade de São Paulo, onde visitou projetos sociais na favela de Paraisópol­is, acompanhad­a do prefeito Ricardo Nunes (MDB), no dia 29 de janeiro.

Estão previstas para depois do Carnaval viagens para Sul e Nordeste no roteiro do que a senadora vem chamando de “caminhada da esperança”. Ela também concede entrevista­s para rádios regionais de diversas partes do país, para tentar se tornar conhecida.

Um parlamenta­r emedebista, no entanto, questiona a série de agendas para conhecer projetos sociais e para se reunir com membros da sociedade civil, enquanto outros précandida­tos ganham destaque em fotos ao lado de políticos cujo apoio pode influencia­r no resultado das eleições.

“O caminho mais provável da União Brasil é a federação com o MDB. Não sendo possível essa federação, vamos fazer aliança Luciano Bivar presidente da União Brasil

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Marlene Bergamo - 28.jan.22/Folhapress A senadora Simone Tebet (MDB-MS) durante evento em SP

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