Folha de S.Paulo

Mercado eleva projeção para juros a 12,25% ao fim deste ano

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BRASÍLIA E SÃO PAULO | REUTERS O mercado elevou a perspectiv­a para a taxa básica de juros ao final de 2022, depois de o Banco Central ter deixado em aberto o rumo da Selic e em meio à pressão inflacioná­ria, ao mesmo tempo que voltou a aumentar a projeção para a alta dos preços.

A pesquisa Focus divulgada pelo BC nesta segunda-feira (14) mostrou que os economista­s consultado­s passaram a calcular a Selic agora a 12,25% no fim de 2022, ante taxa de 11,75% prevista na semana anterior. Para 2023 segue estimativa de Selic a8%.

O BC elevou a Selic em 1,5 ponto percentual pela terceira vez consecutiv­a no início do mês, a 10,75% ao ano, indicando uma redução no ritmo de ajuste na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em março.

Na semana passada, a ata do encontro mostrou preocupaçã­o da autoridade monetária com a adoção de políticas fiscais que buscam controlar a inflação a curto prazo, em documento interpreta­do por parte do mercado como duro, embora não tenha avançado em informaçõe­s sobre o percentual de aperto monetário que será adotado na próxima reunião do colegiado.

O Focus apontou ainda que a expectativ­a para a alta do IPCA neste ano aumentou em 0,06 ponto percentual, indo a 5,5%, enquanto, para o ano que vem, segue em 3,5%.

O centro da meta oficial para a inflação em 2022 é de 3,5%, e, para 2023, é de 3,25%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

A inflação ao consumidor no Brasil iniciou 2022 em desacelera­ção mas com a maior taxa para o mês de janeiro em seis anos, de 0,54%, indo a 10,38% no acumulado em 12 meses.

Para o PIB (Produto Interno Bruto), a estimativa de cresciment­o seguiu em 0,3% para 2022, mas caiu a 1,5% em 2023, de 1,53% antes.

Por outro lado, o mercado financeiro melhorou a projeção para o resultado primário das contas do governo federal em 2022, com estimativa também mais positiva para a dívida bruta no ano, mostrou relatório Prisma Fiscal divulgado nesta segunda-feira pelo Ministério da Economia.

De acordo com o documento, que coleta projeções com agentes de mercado sobre dados referentes às contas públicas, a expectativ­a para o resultado primário do governo central neste ano ficou em déficit de R$ 74 bilhões, ante rombo de R$ 88,7 bilhões projetado para o mesmo período no levantamen­to de janeiro. Em dezembro, a estimativa estava em R$ 95,5 bilhões.

O dado reflete uma melhora nas projeções para a receita líquida do governo neste ano, com ampliação de R$ 1,64 trilhão no relatório anterior para R$ 1,65 trilhão na pesquisa deste mês. Houve aumento, em menor proporção, na estimativa da despesa total do governo, de R$ 1,72 trilhão para R$ 1,73 trilhão.

Os analistas consultado­s pela pasta reduziram a expectativ­a para a dívida bruta do governo geral em 2022 para 83,55% do PIB, ante 84% na pesquisa de janeiro.

Para 2023, as projeções de mercado indicam déficit primário de R$ 58,3 bilhões no governo central, ante R$ 52,6 bilhões na estimativa trazida pelo relatório anterior.

A dívida bruta no ano que vem, segundo os prognóstic­os, deve ficar em 86% do PIB, ante 86,2% previstos no mês passado.

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