Agarrado ao boxe, Newton Campos morre aos 96
SÃO PAULO No corredor do seu apartamento na alameda Barão de Limeira, no centro de São Paulo, Newton Campos tinha pendurado vários quadros. Só um não tinha referência ao boxe: rosto de Carlos Gardel esculpido com o trecho do tango “Adios Muchachos”.
O cantor nascido na França e disputado por argentinos e uruguaios era uma das paixões de Campos. Não a maior. Perdia de lavada para o esporte ao qual se dedicou até o final da vida. Jornalista, comentarista de TV e presidente da Federação Paulista de Boxe há 32 anos, Campos morreu nesta segunda, aos 96 anos. Ele sofreu enfarto em casa.
Até as últimas semanas, Campos atualizava as redes sociais da Federação e cuidava da organização da Forja dos Campeões, o mais tradicional torneio de boxe amador do país. Ele tomava à frente de tudo. Do sorteio das lutas, marcação de pontos, divulgação da tabela e premiação. Nas noites em que o evento acontecia, era o primeiro a chegar e o último a ir embora.
Continuava a entrar em contato com treinadores e lutadores para saber de novidades. Telefonava para jornalistas amigos para pegar informações e cobrava quando eles não iam ao embarque ou desembarque de atletas que fariam lutas internacionais e por disputas de título. Ele contava em detalhes exibição que viu Eder Jofre, aos sete anos, fazer no Ginásio do Pacaembu.
Ele foi o único jornalista do país na histórica luta entre Muhammad Ali e George Foreman na África, em 30 de outubro de 1974. E considerava Joe Louis o maior boxeador de todos os tempos.
Viúvo, Newton deixa dois filhos, Marcel e Carlos, e quatro netos. Seu corpo será enterrado em São Carlos (SP).