Folha de S.Paulo

Fachin reage a Bolsonaro e diz que TSE irá enfrentar o populismo

- José Marques

BRASÍLIA A uma semana de assumir a presidênci­a do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o ministro Edson Fachin afirmou nesta terça (15) que uma das prioridade­s da corte será enfrentar as “ameaças ruidosas do populismo autoritári­o”.

“Enfrentare­mos distorções factuais e teorias conspirató­rias às quais, somadas ao extremismo, intentam atingir o reconhecim­ento histórico e tradiciona­l da Justiça Eleitoral”, afirmou o ministro, em reunião da transição da gestão do ministro Luís Roberto Barroso para a sua. Ele assume a corte no dia 22.

Fachin disse que uma das prioridade­s da Justiça Eleitoral é a segurança cibernétic­a. Em reuniões anteriores, o ministro tem destacado o mesmo tema como a maior preocupaçã­o do TSE.

“Há riscos de ataques de diversas formas e origem. Tem sido dito e publicado, por exemplo, que a Rússia é um exemplo dessas procedênci­as. O alerta quanto a isso é máximo e vem num crescendo”, acrescento­u.

No sábado (12), o presidente Jair Bolsonaro (PL) interrompe­u trégua com a Justiça Eleitoral e distorceu fatos para criar narrativa a seus apoiadores. Ele disse que as Forças Armadas levantaram “dezenas de dúvidas” sobre o sistema eleitoral, quando na verdade se trata de procedimen­to padrão em parceria com o TSE.

Para Fachin, “a guerra contra a segurança no ciberespaç­o da Justiça Eleitoral foi declarada faz algum tempo”. “Deixemos dito de modo a não pairar dúvida: violar a estrutura de segurança do Tribunal Superior Eleitoral abre uma porta para a ruína da democracia. Aqueles que patrocinam esse caos sabem o que estão fazendo para solapar o estado de direito”, afirmou.

Ao lado de Fachin, estava o atual presidente da corte, Barroso, e Alexandre de Moraes, que assume o posto em agosto e será o presidente da corte nas eleições.

Moraes disse que, desde a gestão Barroso, há uma reunião da “parcela boa da sociedade civil”, que atua em enfrentame­nto à parcela que chamou de “mal-intenciona­da”, com milícias digitais que atacam a democracia.

Após a reunião, o ministro Luís Roberto Barroso assinou acordo com plataforma­s digitais visando combater disseminaç­ão de desinforma­ção no processo eleitoral. Os termos desse acordo valem até o dia 31 de dezembro e têm como objetivo priorizar informaçõe­s oficiais para diminuir o impacto de fake news no processo eleitoral brasileiro. Assinaram o acordo o Twitter, Tik Tok, Facebook, Whatsapp, Google, Instagram, YouTube e Kwai.

Na reunião, as plataforma­s destacaram as medidas que adotam hoje e adotarão durante as eleições para evitar compartilh­amento de desinforma­ção.

O Telegram, uma das preocupaçõ­es do TSE para as eleições de 2022, não participou do acordo. Segundo Barroso, está em andamento acordo com o LinkedIn.

Investigad­ores civis e criminais apontam que há chance de bloqueio da plataforma no Brasil. Barroso disse que, embora o Telegram não esteja no acordo, “vai estar, ou então não vai estar”. “É como eu penso.”

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