Folha de S.Paulo

Bolsonaro vai a Putin, mas está perdendo Xi, avisa Economist

- Nelson de Sá nelson.sa@grupofolha.com.br

Associated Press e The New York Times dão alguma atenção à viagem de Jair Bolsonaro a Moscou, sinal de que a “Rússia corteja a América Latina”.

A AP ouve do ex-chanceler de Lula Celso Amorim: “Não quero defender a política externa de Bolsonaro, que é lamentável. Mas receber convite de um parceiro importante e cancelar daria leitura ruim”.

E o NYT ouve do ex-chanceler de Bolsonaro Ernesto Araújo: “[A viagem] está errada de várias maneiras. Noutras circunstân­cias, tudo bem. Mas com a crise iminente, não é”.

Na Rússia, além do noticiário, a viagem entrou nas piadas em torno do dia marcado pelos EUA para a suposta invasão da Ucrânia. De Elena Chernenko, jornalista do Kommersant: “Agora sabemos o plano de Vladimir Putin para 16 de fevereiro: ele vai se encontrar com o brasileiro Jair Bolsonaro no Kremlin”.

A data da “invasão” foi ironizada pelo principal comediante de TV, Ivan Urgant. E segundo o jornal Komsomolsk­aia Pravda o próprio “Putin é bem-humorado ao falar”, tendo perguntado: “Foi publicada em algum lugar a hora exata em que começa a guerra?”.

Por outro lado, a Economist avisa que “a retórica de Bolsonaro não ajudou” e a relação com Xi Jiping “está se enfraquece­ndo”. O comércio cresce, “mas a China está cada vez mais cautelosa em investir”.

Tatiana Prazeres, colunista da Folha, diz à revista que “há uma percepção entre altos funcionári­os brasileiro­s de que a China é mais dependente do Brasil do que vice-versa”. Conclusão da Economist:

“A eleição ajudará a determinar o futuro da relação. Lula supera Bolsonaro por ampla margem nas pesquisas. Há pouca dúvida de que tentaria consertar os laços. Mas atrair investidor­es chineses pode ser mais difícil na segunda vez.”

caos no canadá

Na cobertura americana, a Rússia divide atenção com o Canadá, que segundo o NYT enfrenta “caos” com os protestos de caminhonei­ros na fronteira dos EUA. Dias depois de ser pressionad­o por Joe Biden a usar seus “poderes federais”, o primeiromi­nistro Justin Trudeau declarou seus “poderes federais de emergência”, para espanto da imprensa do país. Em editorial, o Toronto Star, de centroesqu­erda, criticou a mudança “súbita” como “reconhecim­ento chocante de fracasso”.

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